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Grande safra no Brasil evitará que China sofra maiores impactos da Argentina, diz Abiove

15 mar 2023, 12:21 - atualizado em 15 mar 2023, 12:21
Soja
Pelas últimas estimativas da Abiove, o Brasil deverá exportar a todos os destinos um recorde de 92 milhões de toneladas do grão (Imagem: REUTERS/Jorge Adorno)

O Brasil aumentará o processamento de soja em 2023 como efeito de maior demanda por farelo e óleo em meio à quebra de safra na Argentina, mas com uma colheita brasileira recorde haverá oferta suficiente para elevar as exportações do grão à China, disse o presidente da Abiove, a associação de empresas do setor, à Reuters.

Segundo André Nassar, essa confirmação de que o Brasil é um fornecedor confiável de soja à China, maior importador global da commodity, será importante momento da viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sua comitiva ao país asiático, no final do mês, em missão que deverá marcar o fortalecimento dos laços comerciais com os chineses.

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“É um ano atípico, porque a quebra na Argentina é grande, a quebra na Argentina afeta o mercado de farelo e o óleo, vai estimular a gente a processar bastante este ano. Mas como vamos ter uma safra grande, não vai ter nenhum tipo de prejuízo em relação à oferta para exportar grãos”, disse Nassar.

Enquanto o Brasil, maior produtor e exportador de soja, deve colher uma safra recorde de cerca de 150 milhões de toneladas, com aumento de mais 20% na comparação com a temporada passada afetada pela seca no Sul, a Argentina, principal exportador de farelo e óleo, deverá ver sua produção cair para menos de 30 milhões de toneladas.

“Diferentemente do ano passado, quando a exportação do Brasil acabou caindo, este ano vamos crescer… acho que isso também é importante para sinalizar para os chineses”, acrescentou ele. A área plantada com soja no Brasil cresceu cerca de 5% na temporada 2022/23, para 43,5 milhões de hectares.

As importações totais de soja pela China caíram em 2022 pelo segundo ano consecutivo, para cerca de 91 milhões de toneladas, com o Brasil respondendo por 54,4 milhões de toneladas. Houve um recuo de 6% nas chegadas do grão brasileiro à China no ano passado, após uma quebra da safra nacional e demanda mais fraca da indústria chinesa de porcos e aves.

Mas as importações recordes de soja pela China no primeiro bimestre de 2023 e a safra histórica brasileira, que está sendo colhida, trazem bons prognósticos.

Questionado se os embarques do Brasil voltariam aos níveis de 2021, Nassar disse acreditar que “vai na direção disso”, embora tenha evitado fazer projeções.

Pelas últimas estimativas da Abiove, o Brasil deverá exportar a todos os destinos um recorde de 92 milhões de toneladas do grão, alta anual de 16,6%, enquanto o processamento interno aumentará 4%, para 52,5 milhões de toneladas.

Farelo e Confiança

O Brasil já enviou a Pequim uma lista de instalações aprovadas para exportar farelo de soja, e aguarda um aval a essas fábricas, para que seja definitivamente autorizado o embarque do produto aos chineses, uma forma de se exportar produto de maior valor agregado ao país asiático, que hoje produz a maior parte de suas necessidades a partir do grão importado.

“Está neste pé. Farelo tem ainda uma questão para se resolver. Tem alguma expectativa de que isso se resolva nesta viagem”, disse Nassar, citando a missão brasileira liderada por Lula.

Ainda que o potencial de exportação de farelo não seja tão grande quanto para o mercado de milho, recém-aberto ao Brasil pelos chineses, a abertura é vista como mais um movimento da melhora das relações comerciais.

Nassar considera que a viagem à China da missão brasileira, que deverá ser iniciada já na próxima semana com a visita antecipada do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, para preparar terreno a Lula, “tem muito de retomada de bom relacionamento com a China”.

“A viagem tem mais este viés institucional, que vejo como super importante… claro que tem essa questão do farelo, mas acho que é um momento de sinalização dessa parceria Brasil-China”, disse o presidente da Abiove, lembrando que em alguns momentos no governo anterior a relação entre os dois países chegou a estar desgastada.

“Estamos indo por isso, para dar esse respaldo, os setores estão aqui respaldando o governo nessa retomada”, disse ele, ressaltando que gostaria muito de ter a oportunidade de falar sobre eventuais possibilidades de investimentos chineses no Brasil, e que a viagem tem potencial de deixar essa “agenda aberta”.

“Gostaria de falar sobre a questão de uma Ferrogrão, acho que vale trazer esse tema, acho que vamos ter oportunidade para citar essas coisas também”, disse ele, comentando sobre um projeto de ferrovia que seria importante para melhorar a logística de escoamento de grãos pelo Norte do país.

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