Corretoras

Gradual tentou encobrir prejuízo operacional com debêntures sem lastro, diz PF

20 abr 2018, 20:29 - atualizado em 20 abr 2018, 20:29

Um relatório da Polícia Federal sobre a investigação que culminou na Operação Encilhamento revela que a corretora Gradual teria tentado cobrir um prejuízo operacional de R$ 11 milhões no exercício encerrado em 2015 com a emissão de debêntures “não por acaso” com valor muito próximo ao de R$ 10 milhões, aponta o documento obtido pelo Money Times.

“Embora tais debêntures aparentem uma licitude formal, são, em sua essência, ilícitas, eis que emitidas com o único propósito de desviar recursos de fundos de investimento administrados pela Gradual”, mostra o relatório. A empresa utilizada para emitir os papéis, a ITS@, seria uma de fachada e sem qualquer receita.

Segundo a PF, no momento da emissão das debêntures ITSY11, a empresa ITS@ tinha sede no mesmo endereço da Gradual.

A investigação revelou ainda que a subscrição das debêntures foi realizada diretamente pela Gradual à revelia da gestora Incentivo mediante a utilização indevida da plataforma Cetip voice e falsificação de rating de risco diante de reprovação anterior do ativo por parte da gestora.

A defesa da corretora, citada pela PF, afirmou que a Incentivo tinha ciência da emissão. Os investigadores ressaltaram, contudo, que “em nenhum momento defendem a falsidade da alegação quanto a ausência de lastro do título, mantendo toda a defesa focada na ausência (ou não) de autorização da gestora para a aquisição de tais títulos”.

Contatada pelo Money Times, a Gradual disse que não vai comentar o assunto. A corretora disse nesta semana que foi procurada por algumas instituições financeiras interessadas em adquirir as suas operações ou a sua carteira de clientes, mas que não existe nenhuma definição em relação ao tema “e reitera que está focada em colaborar com as investigações”, informa a nota.

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