Internacional

Governo promete acelerar processo de interiorização de venezuelanos

22 ago 2018, 22:05 - atualizado em 22 ago 2018, 22:05

Após o retorno da equipe interministerial a Roraima, o governo federal prometeu acelerar o processo de interiorização de venezuelanos para outros estados. Até a semana que vem, cerca de 250 imigrantes deixarão a fronteira brasileira para buscar  oportunidades de trabalho em grandes centros urbanos do país. Até o fim do mês que vem, a meta é retirar voluntariamente 1.000 venezuelanos de Roraima, que se somarão aos 830 cujo processo de interiorização já foi concluído.

De acordo com o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, dos R$ 185 milhões liberados pela União para o governo de Roraima e prefeituras do estado investirem na área da saúde, R$ 70 milhões ainda estão disponíveis. Ele disse que o governo federal está analisando os novos pleitos enviados hoje (22) pela governadora de Roraima, Suely Campos.

Nesta terça-feira, o presidente Michel Temer reuniu-se com a equipe que viajou a Roraima e com ministros de diversas áreas para discutir o assunto. A subchefe substituta de Articulação e Monitoramento da Casa Civil, Viviane Esse, que foi a Boa Vista e Pacaraima, disse que o processo de interiorização é feito tendo como prioridade os venezuelanos que querem permanecer no Brasil e não conseguem se deslocar para outros estados por conta própria.

“A gente tem que fazer sensibilização dos imigrantes. Eles vão vacinados, regulamentados do ponto de vista das exigências migratórias, vão com carteira de trabalho, CPF. A gente fala para onde eles vão, se irão para um abrigo, como é a cidade, o clima. Há um esclarecimento sobre condições de trabalho”, explicou.

Alegando motivos protocolares, o general Etchegoyen não adiantou os estados que receberão os imigrantes. A lista de destino deve ser divulgada somente na semana em que a interiorização vai ocorrer. “A expectativa é que a gente tenha outros voos, totalizando entre os meses de agosto e setembro mais 1.000 pessoas”. afirmou Viviane, confirmando o número anunciado anteriormente.

Segundo Viviane, apesar do fluxo intenso de venezuelanos que cruzam a fronteira todos os dias, cerca de 60% não permanecem no Brasil. O trabalho de sensibilização dos estrangeiros é feito com apoio da Organização Internacional de Migrações (OIM) e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

“Estamos sendo procurados por municípios, ONGs [organizações não governamentais], parceiros e entidades religiosas querendo participar do processo. Oferecendo acolhimento, bolsas, oportunidades de trabalho. Está sendo bastante positiva a procura dessas entidades como parceiras do governo federal”, complementou.

Sobre o pedido do governo de Roraima para arcar com as despesas de quase R$ 200 milhões que o estado já teve com a chegada em massa dos venezuelanos na região de Pacaraima, Etchegoyen disse que “não há por quê” colocar mais dinheiro agora porque o governo federal já enviou recursos à região.

“Tem dinheiro disponível para o governo de Roraima, muito recurso tem sido posto lá em atendimento aos venezuelanos. O governo investiu em Roraima e nos municípios – só na área de saúde, mais de R$ 185 milhões. Desses, 70 mi ainda estão disponíveis”, disse.

No último fim de semana, moradores de Pacaraima atacaram barracas e abrigos de venezuelanos, ateando fogo e provocando o retorno de 1,2 mil imigrantes para o país vizinho. Após o ocorrido, o governo enviou uma comissão interministerial para avaliar a situação e tomar as medidas cabíveis. Segundo Etchegoyen, a interiorização será intensificada “já, de imediato”, mas não há necessidade de instalação de novos hospitais de campanha na fronteira.

Quanto ao pedido do líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB), que é candidato à reeleição por Roraima, de suspender temporariamente a entrada de venezuelanos pelo estado, o ministro voltou a dizer que “não há, nesse momento, nenhuma perspectiva de fechamento” da fronteira.

“Nós temos na frente dois problemas para resolver: a monumental crise humanitária criada pelas decisões do governo venezuelano e a necessidade prioritária de garantir o bem-estar e a segurança dos brasileiros em Roraima ou em qualquer lugar”, afirmou.

Leia mais sobre: