Giro do Mercado

‘Governo perdeu o benefício da dúvida com o mercado’, afirma o head de renda fixa da Prosperidade Investimentos

26 jun 2024, 17:23 - atualizado em 26 jun 2024, 17:24
Em entrevista ao Giro do Mercado, Fernando Lourençon também apontou dois pontos importantes para que o mercado volte a pensar em cortar juros; confira

O mercado brasileiro aguarda dois pontos importantes no 2º semestre de 2024 para voltar a pensar em novos cortes na Selic: atitudes concretas do governo para cortar gastos e dados que corroborem o corte de juros pelo Fed nos Estados Unidos, avalia Fernando Lourençon, head de renda fixa da Prosperidade Investimentos.

Sobre o primeiro ponto, a falta de sinalizações do governo com relação ao corte de gastos e a ausência de uma âncora fiscal clara neste sentido têm contribuído para sucessivas revisões para cima das expectativas de juros e inflação e, consequentemente, afetando a continuidade do ciclo de afrouxamento monetário.

Com isso, o analista enxerga que “o governo perdeu o benefício da dúvida que tinha com o mercado” e agora tem de se mexer para buscar alternativas para cortar gastos.

“Acredito que o governo vai se mobilizar para isso e algumas medidas virão. Sabemos que não é tão simples, que o corte de gastos mexe com muitos setores e benefícios”, disse em entrevista ao Giro do Mercado, do portal Money Times (assista a entrevista completa no final da matéria).

Apesar da necessidade de controlar as despesas para ajustar as contas públicas, Lourençon vê alguns pontos positivos, como os dados de arrecadação. 

“Porém, quando olhamos para o ponto de vista de crédito, não importa só quanto se arrecada, mas a trajetória da dívida em relação ao que se arrecada. A arrecadação é boa, mas é relativa”, avaliou.

As ‘entrelinhas’ da ata do Copom

Fernando Lourençon também comentou a ata do Copom, divulgada na manhã da última terça-feira (25) com mais detalhes sobre a decisão do comitê do Banco Central de manter a Selic no patamar atual, de 10,50%.

Lourençon destacou alguns pontos, como a utilização da palavra “unanimidade” para se referir à decisão dos integrantes do Copom. 

Na visão dele, a palavra foi usada para trazer mais credibilidade ao BC, já que a votação anterior gerou polêmicas pela dissonância nos votos de membros indicados pelo atual governo, como Gabriel Galípolo, e os mais antigos, como o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto.

“[A falta de unanimidade] não seria um problema se não fosse a questão do ruído político. O ruído político traz uma nova significação para essas votações. Quando tem o executivo atacando a instituição ou a figura do presidente do BC, traz um componente a mais”, afirmou o head de renda fixa da Prosperidade Investimentos.

Outra frase que chamou a atenção de Lourençon apareceu no parágrafo 18 da ata:

“O Comitê se manterá vigilante e relembra, como usual, que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”

Isso “pode significar uma subida de juros, se for necessário”, avalia.

Assista à entrevista completa com o head de renda fixa da Prosperidade Investimentos neste link ou no player abaixo:

Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Já trabalhou para o Money Times, Seu Dinheiro e Jornal da PUC, além de colaborar no UOL e Projeto #Colabora. Atualmente é Produtor de Conteúdo na Empiricus.
Jornalista pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Já trabalhou para o Money Times, Seu Dinheiro e Jornal da PUC, além de colaborar no UOL e Projeto #Colabora. Atualmente é Produtor de Conteúdo na Empiricus.
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