Economia

Governo Lula quer reduzir inflação ‘na marra’, mas especialistas alertam para ineficácia de medidas

23 jan 2025, 10:53 - atualizado em 23 jan 2025, 10:53
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Em dezembro, o IPCA avançou de 0,39% para 0,59%, fazendo com que o país fechasse o ano de 2024 com uma inflação acumulada de 4,83%. (Imagem: Canva Pro)

Na quarta-feira (22), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o governo está estudando medidas para conter a inflação, começando pelo preço dos alimentos. O temor é que essa alta impacte negativamente a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2026.

Em dezembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou de 0,39% para 0,59%, fazendo com que o país fechasse o ano de 2024 com uma inflação acumulada de 4,83%.

O maior impacto veio do grupo mais sentido pelos brasileiros: alimentação. Alimentos e bebidas acumularam alta de 7,69% nos últimos 12 meses.

O tema foi discutido por Lula durante a reunião ministerial organizada no início da semana. O governo discorda da ideia de que a alta esteja relacionada à desvalorização do real frente ao dólar, atribuindo-a, na verdade, à economia aquecida.

“Vamos realizar algumas reuniões para buscar um conjunto de intervenções que ajudem a baratear os alimentos”, disse Rui. Os ministros que estão na linha de frente são Carlos Fávaro (Agricultura), Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Fernando Haddad (Fazenda).

Veja as medidas que o governo estuda para reduzir a inflação

A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) informou que entregou ao governo, no final do ano passado, uma série de medidas que poderiam ser adotadas para controlar os preços. Segundo Rui Costa, algumas dessas intervenções podem começar a valer ainda no primeiro bimestre de 2025.

Entre as sugestões estão a venda de remédios sem receita nas redes de supermercados, que poderia reduzir os preços em até 35%, e uma mudança no sistema de prazos de validade. Ao invés de uma data fixa, seria adotada uma data de referência, que serve como uma recomendação para o consumo do produto.

A associação também sugere a flexibilização das leis trabalhistas para o setor e a adoção do “PAT eSocial”. Essa proposta visa que os pagamentos de benefícios de alimentação e refeição feitos pelos empregadores no âmbito do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) sejam direcionados para contas da Caixa Econômica Federal. Sem intermediários, as tarifas podem ser reduzidas em até 6%.

No entanto, essas medidas não são vistas com bons olhos por especialistas, que afirmam que, historicamente, intervenções contra a inflação não costumam ser bem-sucedidas e, em muitos casos, acabam piorando a alta dos preços. Para eles, o que funciona para controlar a

“O que funciona para controlar preço, qualquer que seja, para controlar a inflação, é a política monetária. Qualquer outro tipo de medida alheia a essa não funciona”, destaca Andrea Damico, CEO da consultoria Buysidebrazil e economista-chefe da Armor.

Gustavo Defendi, sócio-diretor da Real Cestas, lembra que a alta nos preços dos alimentos resulta de uma combinação de fatores econômicos e climáticos, como a valorização do dólar, o impacto das exportações e as quebras de safra decorrentes de eventos climáticos.

O café é um exemplo, segundo ele. “Houve quebra de safra no mercado externo, o que aumentou a demanda por produtos brasileiros. Para os produtores, é mais vantajoso exportar, e isso eleva os preços no mercado interno”, afirma.

Já Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, aponta que as medidas são ineficazes. “A cogitação de alterar os prazos de validade dos alimentos, por exemplo, foi um exemplo claro do desespero e da falta de estratégia estrutural”.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
juliana.americo@moneytimes.com.br
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