Governo Lula: O maior risco para Haddad, segundo gestor da Verde Asset
O gestor Luiz Parreiras, da Verde Asset, uma das gestoras mais tradicionais do mercado, vê grande risco para Fernando Haddad e o governo do presidente Lula.
Em entrevista ao podcast Market Makers, que irá ao ar às 18h desta quinta-feira (19), Parreiras afirma que o ministro da Fazenda terá que lidar com a reeleição do presidente Lula ou até mesmo com a sua própria eleição, caso o petista fique de fora da disputa.
“O maior problema que o Haddad vai enfrentar não é agora e nem 2024. Ele vai vir quando a eleição de 2026 tiver no horizonte. […] A pressão vai ser muito, muito forte de todos os lados”, explica.
Para o gestor, Haddad terá que conciliar o fiscal com o “lado gastador” do governo.
Além disso, ele vê um aumento de polarização no período. “Acho que o ‘Fla-Flu’ vai voltar com força total e a eleição vai lembrar a disputa de 2014”, vê.
- Aumento da tensão na guerra preocupa mercados: Veja os melhores ativos para proteger sua carteira dos impactos geopolíticos no Giro do Mercado, é só clicar aqui:
Avaliação do governo Lula
Durante o podcast, Parreiras deixou claro que não investe olhando para preferências políticas. Ele recorda que os meses de formação de governo, entre outubro e dezembro do ano passado, foram tumultuados, o que abriu oportunidades.
“Lula foi eleito em uma eleição extremamente apertada, com o país extremamente polarizado e no segundo turno precisando formar uma coalização. Depois, ele monta o governo como se tivesse ganhado uma eleição com uma margem mais ampla, só ancorada no PT“, observa.
Em sua visão, uma série de surpresas colocou prêmio de risco no mercado. “Mas quando você olhava o relativo do mundo, o Brasil estava ficando muito barato. Estávamos confortáveis para isso”, diz, citando que a Verde ampliou sua participação na bolsa nesse período, que foi reduzida em julho.
No ano, o fundo multimercado da Verde, o Verde FIC FIM, acumula alta de 8,17%, contra 9,93% do CDI.
Arcabouço e a sorte grande de Fernando Haddad
Sobre o arcabouço fiscal, que foi mandado ao Congresso em abril, Parreiras diz que o mercado não estava dando o devido valor ao texto.
“Óbvio que as metas eram difíceis; serão muito difíceis, especialmente em 2024. Lula colocou a Gleisi Hoffmann e a turma mais barulhenta de lado”, discorre.
Mas, para o gestor, a quebra do banco regional americano Silicon Valley Bank ajudou o ministro (e o texto) devido ao recuo das taxas de juros.
“Se o Haddad tivesse apresentado o arcabouço fiscal em agosto ou em julho, a narrativa ia ser completamente diferente para o mesmo texto. O contexto global ficou ‘favorável’ de março até julho”, explicou.