Governo libera R$ 600 milhões para fabricar 30 mil respiradores em 120 dias
O governo liberou R$ 600 milhões para auxiliar empresas a produzirem ou direcionarem suas linhas de produção para equipamentos médicos e respiradores para o tratamento de casos graves do coronavírus.
A expectativa é chegar a 30 mil máquinas num prazo de até 120 dias, disse o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações, Marcos Pontes, em entrevista.
A empresa Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) já recebeu os recursos para conceder linhas de crédito para as companhias que ajustarem suas atividades.
O Brasil conta hoje com 65.411 respiradores, dos quais 46.663 estão disponíveis no SUS e 18.748 na rede privada, segundo dados do Ministério da Saúde. Entretanto, apenas 61.219 estão aptos para uso.
5G mantido
Pontes afirmou que todos os assuntos do ministério ficaram em segundo plano com a pandemia, mas que o planejamento para o leilão de 5G está mantido e que não pretende fazer nenhum adiamento.
“Acredito que a gente consiga manter o cronograma do leilão para o fim deste ano ou, mais provável, início do ano que vem.
Esta continua sendo uma boa expectativa”, disse. A previsão do edital para o segundo semestre também está mantida.
Novo remédio
O ministro, que anunciou estudos clínicos de um remédio capaz de tratar o coronavírus sem efeitos colaterais, afirmou que não se trata da cloroquina, defendida pelo presidente Jair Bolsonaro.
“Não posso falar o nome do remédio porque seria uma irresponsabilidade e as pessoas sairiam correndo atrás de um medicamento que não é provado ainda cientificamente”, disse Pontes.
Segundo ele, o remédio em análise é de uso pediátrico e já produzido em larga escala no país. “Cloroquina não é não, já adianto. Ela está sendo testada em paralelo”, disse.
Os resultados dos testes, que começarão a ser feitos com 500 pacientes, terão resultado em maio. Foram selecionados cinco hospitais, três do Rio de Janeiro, um de São Paulo, e um de Brasília.
“A probabilidade de o medicamento funcionar, dados os resultados das pesquisas anteriores, é muito maior do que não funcionar. Mas a probabilidade de não funcionar também existe, isso é normal, é ciência”, disse o ministro.
Sobre a surpresa causada pelo anúncio de uma eventual cura do coronavírus pelo Brasil, Pontes disse que o país têm virologistas excelentes, que realizam pesquisa de ponta em doenças como dengue, zika e chikungunya. “A gente não deve nada para ninguém”, afirmou.
Geolocalização
A pedido de Bolsonaro, o governo suspendeu a ideia de usar no país o sistema de geolocalização de celulares para monitorar aglomerações, como tentativa de conter o avanço do coronavírus.
Pontes admitiu que esse instrumento foi utilizado de forma segura em outros países, mas que o presidente pediu cautela e uma análise da segurança dos dados dos usuários antes de decidir se o mecanismo será utilizado.
O ministro afirmou que, passada a pandemia, o país precisará discutir o espaço da ciência nos investimentos públicos. “A questão não é se isso vai acontecer de novo. É quando vai acontecer”.