Governo estima mais R$ 20 bi para finalizar Angra 3 e iniciar operação até 2029
O governo brasileiro ainda está debatendo a possibilidade de concluir a usina nuclear Angra 3, obra que teria um custo adicional de 20 bilhões de reais e iniciaria operações até 2029, disse nesta quarta-feira o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Em apresentação na Câmara dos Deputados, Silveira afirmou que uma das preocupações do governo é equilibrar a segurança energética trazida pela fonte, que tem geração inflexível (contínua), com a modicidade tarifária.
Segundo o ministro, conforme modelagem feita pelo BNDES para a conclusão do empreendimento, a tarifa média de energia da usina ficaria em torno de 700 reais por megawatt-hora (MWh).
Essa tarifa seria praticamente o dobro dos atuais 350 reais/MWh de Angra 1 e 2, segundo informações da apresentação do Ministério de Minas e Energia.
“Não estou dizendo que isso (a tarifa) viabiliza ou inviabiliza a decisão de concluir a obra de Angra 3, nós todos reconhecemos a importância dessa obra para o Rio de Janeiro“, afirmou Silveira.
Projetada com 1,4 gigawatt (GW) de potência, Angra 3 teve suas obras iniciadas na década de 1980, mas ao longo dos anos elas foram paralisadas e reiniciadas algumas vezes. Atualmente, o progresso físico total do empreendimento é de 65%.
Nos últimos anos, a Eletronuclear, responsável pelo projeto, avançou com o chamado “Plano de Aceleração da Linha Crítica” da Angra 3, tendo contratado empresas de engenharia para avançar com obras civis e outras atividades antes de fechar a contratação de uma “EPCista” para concluir a usina.
Cerca de 7,8 bilhões de reais já foram aportados em Angra 3, e o custo estimado para abandonar completamente as obras é de cerca de 13,6 bilhões de reais, informou o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas Energia, Gentil Nogueira de Sá Junior, durante a apresentação a parlamentares.
Retrofit de Angra I
Nogueira afirmou que o governo está discutindo um “retrofit” de Angra I, que está completando 40 anos em atividade.
“Angra I tem que passar por um processo de retrofit significativo a partir de 2023 e 2024 para dar sobrevida de operação por mais de 20 anos, isso está em discussão”, disse.
O secretário apontou ainda que o Brasil ficou “paralisado” na produção de urânio, necessário para o combustível nuclear, e está atualmente importando todo o combustível necessário para abastecer as atividades das usinas Angra I e 2.
“Ficamos paralisados na produção de urânio entre 2016 e 2020, foi retomada a partir de 2021, mas em quantidade insuficiente ainda, cerca de um décimo da necessidade para operação de Angra 1 e 2. E acrescentar Angra 3 quase que dobraria a necessidade nossa de urânio”, explicou.
(Atualizada às 13:57)