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Governo Biden: quem vai bombar nas bolsas dos EUA em 2021 (e quem ficará para trás)

20 jan 2021, 17:45 - atualizado em 20 jan 2021, 17:45
Wall Street; bolsas americanas, mercados
Rotação de carteiras: para a Charles Schwab, euforia com governo Biden não ajudará todos os setores (Imagem: REUTERS/ Andrew Kelly)

Mesmo após a forte alta das bolsas americanas entre a vitória de Joe Biden, em novembro, e sua posse nesta quarta-feira (20), há ações com bom potencial de valorização neste ano para quem deseja diversificar seus investimentos e aproveitar a esperada aceleração da maior economia do mundo.

A área de análises do Charles Schwab, um dos maiores grupos financeiros dos Estados Unidos, publicou uma extensa análise sobre as perspectivas de 11 setores listados nas bolsas do país, sob um governo Biden.

Dentre eles, dois setores receberam a recomendação de outperform para 2021, isto é, seu desempenho esperado é maior que o da média do mercado. Outros dois foram classificados como underperform, ou seja, devem perder da média do mercado. Os sete restantes andarão na média (marketperform).

Com a crescente popularização dos BDRs (Brazilian Depositary Receipts) de empresas americanas negociados na bolsa brasileira, não custa dar uma olhada nas recomendações elaboradas por David Kastner, estrategista sênior da área de investimentos da Charles Schwab.

Veja os dois setores que devem bombar nas bolsas americanas, neste primeiro ano de Joe Biden na Casa Branca, e os dois que vão ficar para trás, de acordo com a Charles Schwab.

Feijão aguado

Setor: consumo básico
Recomendação: underperform (abaixo da média do mercado)
Motivos: o setor de consumo básico, nas bolsas americanas, é composto por fabricantes e varejistas de gêneros de primeira necessidade, como alimentos, bebidas e produtos de higiene.

Para Kastner, as ações do setor passaram por um período de alta, no início da pandemia, porque são consideradas defensivas, já que apresentam mais previsibilidade de receitas. Além disso, as empresas do setor implementaram grandes cortes de custos. Com as pessoas em casa, devido ao isolamento social, essas ações também se beneficiaram com o aumento da demanda por alimentos para preparar.

O problema, segundo a Charles Schwab, é que agora as perspectivas de reaquecimento da economia tornam ações defensivas, como essas, menos atraentes para os investidores. Por último, à medida que a vacinação em massa permitir a livre circulação de pessoas, a demanda por alimentos básicos para preparo em casa deve cair.

Joe Biden
Expectativas: pacote de US$ 1,9 trilhão anunciado por Biden deve estimular a demanda por crédito e reduzir inadimplência de bancos (Imagem: REUTERS/Jonathan Ernst)

À prova de tudo

Setor: finanças
Recomendação: outperform (acima da média do mercado)
Motivos: para a Charles Schwab, os bancos americanos estão mais sólidos, com as regras impostas desde a crise financeira de 2008. Por isso, enfrentaram o pior momento da pandemia com boa liquidez e reservas suficientes para encarar até o pior cenário desenhado pelo Fed – o de uma recuperação em W, com as duas pernas representadas por profundas recessões.

Agora, o pacote de US$ 1,9 trilhão anunciado por Biden tende a estimular o consumo e, por tabela, a demanda por crédito. Como emprestar dinheiro tem custos para os bancos, a disposição do Banco Central de manter os juros baixos por bastante tempo acentua o spread das operações, representado pela diferença entre os juros mais longos (mais altos) e os juros mais curtos (mais baixos).

Por último, as ações do setor são negociadas, atualmente, por múltiplos abaixo de sua média histórica nas bolsas americanas.

Vai sarar

Setor: saúde
Recomendação: outperform (acima da média do mercado)
Motivos: diferentemente do Brasil, quase não há atendimento público de saúde nos Estados Unidos. Por isso, o estrategista da Charles Schwab reconhece certa “angústia” no setor com a vitória de Biden, que já sinalizou sua disposição para ampliar o atendimento gratuito à população.

Mas, para o grupo financeiro, a pequena maioria democrata deixa pouca margem para que Biden adote medidas mais radicais nesse sentido. Pesa, a favor da moderação, o fato de que seu próprio partido encontra-se dividido entre uma maioria moderada e uma minoria radical, que tende a ser neutralizada.

Por isso, a Charles Schwab aposta que a reabertura da economia, com o progresso da imunização em massa, permitirá que os procedimentos eletivos sejam retomados, aumentando o faturamento e as margens do setor. Além disso, esses papéis são negociados por múltiplos abaixo de sua média histórica.

Sinais de fumaça

Setor: concessões de água, energia e gás
Recomendação: underperform (abaixo da média do mercado)
Motivos: as concessionárias de serviços públicos são negociadas por múltiplos acima da média histórica. Além disso, esses papéis são considerados defensivos e, diante da expectativa de expansão da economia, perdem atratividade, frente a setores que apresentam maior possibilidade de valorização.

Por último, a agenda ambiental de Biden, que enfatiza a geração de energia limpa e renovável, deixa dúvidas quanto ao futuro de outras fontes na matriz energética do país.

 

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