Governadores pedem à Anvisa nova análise da Sputink e contestam replicação de adenovírus
Governadores apresentaram nesta quinta-feira à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um novo pedido de análise para liberar a importação da vacina russa contra Covid-19 Sputnik V, no qual contestam a informação divulgada pelo órgão regulador brasileiro sobre a suposta presença de adenovírus replicante no imunizante.
A questão do adenovírus replicante foi um dos pontos mais importantes para a decisão da diretoria colegiada da Anvisa de rejeitar por unanimidade, na segunda-feira, a importação da vacina russa.
Mais cedo nesta quinta, a cúpula da agência fez um pronunciamento e deu entrevista coletiva para reafirmar as informações que embasaram a decisão de recusar a importação, com a divulgação de informações sobre a presença do adenovírus replicante prestadas pelo próprio desenvolvedor da vacina, segundo a Anvisa.
Contudo, logo em seguida e numa espécie de contra-ataque, governadores e o fundo russo responsável pela comercialização do imunizante divulgaram novos documentos para atestar que não haveria adenovírus replicante e pedir uma reanálise da Anvisa.
A documentação foi divulgada pela assessoria do governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que tem liderado os esforços entre os chefes de Executivos estaduais sobre o assunto.
“Vimos, em resposta à decisão da Diretoria Colegiada desta Agência Reguladora, proferida no processo em epígrafe e que negou a autorização de importação excepcional da vacina Sputnik V, oferecer esclarecimentos técnicos e documentação comprobatória da eficácia, qualidade e segurança da vacina em análise, de imediato solicitando novo pronunciamento”, disseram os governadores em um documento subscrito pelo governo baiano.
“Outrossim, reiteramos a solicitação protocolada na data de ontem, de disponibilização de acesso integral aos autos administrativos, especialmente à documentação analisada e que embasou a mencionada decisão”, reforçou.
Os desenvolvedores da Sputink V afirmam que a decisão da Anvisa de barrar o uso do imunizante russo teve motivação política, e negam que a vacina tenha adenovírus replicante.
O adenovírus é um vírus usado como um vetor que leva o material genético do coronavírus ao indivíduo vacinado para induzir resposta imune. Ele deve estar “inativado”, ou seja, não ter a capacidade de se replicar e provocar doença.
No caso da vacina russa, foram encontgrados adenovírus que voltam a se multiplicar e podem se acumular dentro do organismo, de acordo com a Anvisa. Normas internacionais usadas pelas agências sanitárias dos EUA e da Europa determinam que vacinas não podem ter a presença desses adenovírus.