Gordos dividendos: 21 analistas recomendam os papéis para comprar em março
Grande paixão de investidores, a lista das empresas mais recomendadas para ganhar com dividendos em março não contou com muitas surpresas.
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Com um levantamento exclusivo, realizado pelo Money Times, que incluiu 21 carteiras, a Vale (VALE3) sagrou-se campeã, com 15 indicações. Petrobras (PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3) completam o pódio, com 10 indicações cada.
Vale: Ação de ferro
A Vale já é velha conhecida nas carteiras de analistas. Recentemente, a Vale passou por maus bocados. O primeiro deles foi a sucessão do CEO. O atual mandato de Eduardo Bartolomeo se encerra em maio. A entrada do Governo Federal, que, segundo informações, tentou indicar, sem sucesso, Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda de Dilma Rousseff, provocou ruídos de uma possível interferência desnecessária na companhia.
Críticas do presidente Lula ao afirmar que a empresa precisa “pensar como o governo” também não ajudaram. Até a edição desta matéria, em 4 de março de 2024, o nome do novo CEO era incerto.
Como não bastasse, a empresa também foi “pega no pulo” com a multa do desastre de Mariana. Ao todo, a Justiça Federal condenou a mineradora, junto com a australiana BHP, ao pagamento de R$ 47,6 bilhões. Soma-se a isso o tombo do minério de ferro, que, só no último mês, desabou 11%, e tem a receita de uma queda de 13% da ação da Vale no ano.
Mas, mesmo assim, os analistas não largaram o pé do papel. Tudo porque enxergam a ação como barata. Para a Ágora Investimentos, por exemplo, que adicionou o papel em sua carteira recomendada de março, a Vale negocia a 3,6 vezes o múltiplo EV/EBITDA (Valor da Empresa/Ebitda) para 2024, um desconto substancial em relação aos seus pares (25% frente a média histórica de 15%).
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“Vemos riscos limitados de queda para os preços do minério de ferro, uma vez que a falta de nova oferta deve tornar a trajetória das cotações menos dependente dos impulsionadores da demanda (estimamos que os preços do minério de ferro fiquem, na média, em US$ 130/tonelada no primeiro semestre de 2024 e US$ 120/tonelada em 2024)”, explicam.
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O Santander também enxerga o papel no”precinho”, a um valuation atraente (rendimento de fluxo de caixa livre de 8% e 3,8 vezes EV/EBITDA 2024), um desconto de 26% em relação aos pares globais.
“Embora reconheçamos que a tese de investimento da Vale continua altamente dependente da China, vemos os fundamentos que apoiam os preços do minério de ferro no curto prazo ainda sólidos, especialmente no momento que passamos por uma sazonalidade de produção mais fraca no Brasil e na Austrália”, destaca.
Para o BTG Pactual, em meio a todas as manchetes que cercam a empresa ultimamente, a Vale ainda conseguiu entregar um trimestre sólido, superando as expectativas.
“O Ebitda atingiu US$ 6,7 bilhões, 4% acima de nossa projeção e 6% acima do consenso, impulsionado principalmente pelos melhores resultados de suas divisões de pelotas e metais básicos. Acreditamos que muito do pessimismo acerca da tese já está precificado, e esperamos um ambiente operacional melhor para a Vale em 2024, com os mercados de minério de ferro caminhando para mais um ano de déficits e contínuas revisões positivas de lucro”, completa.
E, para finalizar, o banco classifica como “prováveis” os dividendos extraordinários “e mantemos nossa opinião de dividendos totais rendendo 11-12% para o ano”.
Petrobras: Declarações de Prates são risco?
Tudo ia bem com a tese de dividendos da Petrobras até a entrevista de Jean Paul Prates à Bloomberg, concedida no dia 29 de fevereiro. O CEO afirmou que a empresa precisa distribuir dividendos com “cautela”. Na mesma sessão, o papel desabou quase 6% e perder R$ 30 bilhões em valor de mercado. Mesmo assim, a tese segue sólida, destacam analistas.
Para o BTG, apesar do recente fluxo de notícias negativas, o banco espera que a empresa supere seus pares em 2024.
“Permanecemos confiantes em robustos pagamentos, já que um cenário de não distribuição de proventos resultaria em uma posição maior de caixa nos próximos anos (o que contradiz as premissas de pragmatismo do governo e processos graduais de fusões e aquisições). Com a ação negociando a um atrativo yield de fluxo de caixa para o acionista de 16% em 2024 (vs.12% dos pares globais), temos uma recomendação de compra”, destaca o banco.
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Na visão do Santander, a empresa tem sólida posição financeira e resiliência -– impulsionada pelas operações de baixo custo do pré-sal e por uma abordagem “pé no chão” na política de preços de combustíveis.
“Embora a Petrobras tenha aumentado o seu plano de investimentos (capex) para US$ 102 bilhões nos próximos de cinco anos (dos quais US$ 11 bilhões são para projetos ainda em avaliação), acreditamos que o processo de aprovação de novos projetos impede a empresa de se envolver em negócios pouco rentáveis”, completa.
Banco do Brasil, banco de respeito
Ainda segundo o Santander, o Banco do Brasil está atualmente negociando a um múltiplo P/VPA (preço sobre valor patrimonial) de 0,86x, abaixo do árduo período de 2015-16, momento em que o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) atingiu o patamar de 7,5% (2016).
Em termos comparativos, o ROE do BB em 2023 foi de 22%. “Dessa forma, por muito que compreendamos o
risco político por ser uma companhia estatal, acreditamos que ainda existe um risco assimétrico para cima em seu valuation”, coloca.
O Santander lembra que em 2022-2023, o Banco do Brasil fechou o gap de rentabilidade com os pares privados.
“Acreditamos que o próximo passo é estreitar o gap de valuation. É importante ressaltar que, mesmo em caso de piora do cenário macroeconômico, acreditamos que o Banco do Brasil esteja em uma posição melhor, dada a sua exposição ao setor do agronegócio”, completa.
Veja a tabela:
Empresas | Indicações |
---|---|
Vale | 15 |
Banco do Brasil | 10 |
Petrobras | 10 |
Vivo (Telefônica Brasil) | 8 |
BB Seguridade | 8 |
Copel (CPLE6) | 8 |
Itaú Unibanco | 8 |
Engie | 7 |
Eletrobras | 7 |
O levantamento do Money Times levou em consideração as informações das carteiras de ações divulgadas por 21 instituições. Para março, foram indicadas 43 ações, somando 157 recomendações.
Participaram do levantamento Ágora Investimentos, Ativa Investimentos, BB Investimentos, BTG Pactual, Nu Invest, Eleven, Empiricus Research, Genial Investimentos, Guide Investimentos, Itaú BBA, Mirae Asset, MyCap, Órama, Planner, Rico, Safra, Santander, Terra Investimentos, XP Investimentos, PagBank, Warren.