Google veta iniciativa de privacidade de grupo que monitora Web
O Google vetou uma iniciativa de proteção da privacidade na principal organização que decide como a rede mundial de computadores funciona, de acordo com uma votação recente que isolou a gigante da Internet de outros envolvidos no processo.
A unidade da Alphabet foi o único membro do World Wide Web Consortium a votar contra a medida para expandir o poder do grupo de privacidade na Internet da organização, de acordo com uma contagem dos resultados vista pela Bloomberg News. Vinte e quatro organizações votaram a favor em uma pesquisa recente.
O W3C, como o grupo é conhecido, toma decisões por consenso, de modo que a objeção do Google era um veto efetivo. Os dois lados ainda negociam uma alternativa, mas se não puderem tomar uma decisão, o problema será encaminhado ao diretor do W3C, Tim Berners-Lee, um dos criadores da Internet. Wendy Seltzer, advogada do W3C, não quis comentar a votação, mas disse que a organização agradece todas as contribuições dos membros para o debate sobre privacidade.
O ocorrido mostra como o Google está desenvolvendo sua própria versão do que deve ser a privacidade digital. A empresa ganha bilhões de dólares por ano acumulando dados de consumidores on-line e usando-os para publicidade direcionada. Mudanças na Internet que potencialmente limitam essa coleta de informações podem ser uma grande ameaça para esse lucrativo negócio.
O Google diz que a privacidade é importante e que a empresa se esforça para proteger os dados que coleta dos usuários. Mas também argumenta que anúncios segmentados com todas essas informações são necessários para manter a Internet livre e acessível. Outras empresas de tecnologia, como a Apple, e o mecanismo de busca rival DuckDuckGo, desenvolveram serviços que não precisam de tantos dados do usuário.
O debate sobre essas diversas prioridades ganhou destaque no W3C nos últimos meses. Grupos desse tipo, que estabelecem padrões, garantem que a Web continue funcionando com o desenvolvimento de diretrizes comuns. Suas recomendações não são juridicamente vinculantes, mas um desenvolvedor que ignora os padrões corre o risco de que seu site não seja carregado por navegadores populares, como o Google Chrome, Mozilla, da Firefox, e Safari, da Apple.