Goldman vê corte de gastos do consumidor como risco para ações
Surgem os primeiros sinais de que os cortes de gastos do consumidor americano afetarão os lucros corporativos e representam um risco para as ações dos EUA, segundo o Goldman Sachs.
A inflação alta e a queda dos preços dos ativos começaram a prejudicar as finanças das famílias, estrategistas do Goldman liderados por David Kostin disseram em nota. Eles citaram a queda de 0,3% nas vendas no varejo em maio e o índice de sentimento do consumidor em mínima recorde em junho.
Redes de varejo como Target e Walmart parecem ter superestimado a demanda do consumidor em algumas categorias de produtos e agora oferecem descontos para diminuir o excesso de estoque, disseram os estrategistas.
“O declínio nos gastos representa uma ameaça aos lucros para ações de consumo e da indústria automobilística em particular”, disseram. “Os preços dos carros usados caíram 6% desde janeiro, um sinal de que a demanda por veículos em geral pode estar vacilando. A expectativa consensual de um crescimento de 13% nas vendas do setor em 2023 parece ingênua.”
O Goldman prevê que o S&P 500 termine o ano em 4.300 pontos, contra 4.650 pontos na mediana de estimativas de estrategistas compiladas pela Bloomberg em meados de junho.
O indicador fechou na sexta-feira em 3.911,74 pontos. Ele registra queda de cerca de 18% no ano, sob pressão de fatores como aumentos de juros e inflação alta.
Alguns investidores temem que o custo de vida mais alto, rendimentos crescentes de títulos e retornos fracos das ações possam levar as famílias a saírem vendendo suas participações, pressionando ainda mais o mercado de renda variável.
Mas os dados mostram que a demanda das famílias por ações permaneceu “surpreendentemente forte” este ano, disseram Kostin e sua equipe. Além disso, como a maior parte das ações está com as pessoas mais ricas que estão mais isoladas da inflação, e as empresas tendem a comprar quando as famílias vendem, o banco não está tão preocupada com isso.
“O S&P 500 subiu 8% em média durante os anos desde 1950 em que as famílias venderam ações de forma mais agressiva”, escreveram os estrategistas.
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