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Goldman prevê queda de 18% para S&P 500 nos próximos três meses

11 maio 2020, 13:29 - atualizado em 11 maio 2020, 15:04
Goldman Sachs GS
Riscos financeiros, econômicos e políticos obscurecem as perspectivas para as ações domésticas, alerta o Goldman (Imagem: Reuters/David Gray)

No mercado acionário, o medo de perder o bonde parece ofuscar o temor de tudo o que há de errado na economia. O Goldman Sachs diz que o pessimismo logo irá predominar, o que pode levar a uma queda de quase 20% do índice S&P 500 nos próximos três meses.

O apoio fiscal e monetário nas últimas semanas evitou com êxito uma crise financeira, mas o retorno à normalidade econômica ainda está muito distante e investidores têm se precipitado, disse o estrategista-chefe de renda variável para Estados Unidos do banco, David Kostin, em relatório.

Riscos financeiros, econômicos e políticos obscurecem as perspectivas para as ações domésticas, alerta o Goldman. O banco destaca que a curva de infecção nos EUA fora de Nova York ainda não se achatou, o que promete ser um processo de reinício prolongado, um impacto de 50% nas recompras em 2020 e o risco de maiores impostos corporativos e de consumo de fato se as tensões comerciais entre EUA e China retornarem.

“Um único catalisador pode não provocar uma retração, mas existem várias preocupações e riscos que acreditamos – e nossas conversas com clientes confirmam – que investidores estejam subestimando”, escreveu Kostin.

O Goldman diz que o S&P 500 deve cair para 2.400 pontos nos próximos três meses e se recuperar para 3.000 no fim do ano.Kostin destaca que grandes segmentos da comunidade de investidores não conseguiram lucrar com a valorização de 31% do S&P 500 desde a mínima em 23 de março.

Ele ressalta que a maioria dos fundos mútuos mostra fraco desempenho desde a mínima do mercado baixista, com fundos comprados/vendidos e macro hedge funds com retornos de um dígito como grupo. Por isso investidores podem enfrentar pressão para buscar um rali.

Kostin explica que parte do mercado teme perder a janela de oportunidade. Mas ele alerta que é uma jogada arriscada. Mesmo com as medidas de amplitude do recente rali tendo melhorado nos últimos dias – potencialmente sinalizando mais adesão à ideia de que os ganhos vão persistir -, o indicador de confiança do Goldman Sachs melhorou muito pouco desde meados de março.

“O ceticismo é alto em relação à probabilidade de o rali continuar”, escreve o estrategista.

Kostin é pessimista quanto ao cenário para lucros corporativos, citando planos de crescimento congelados e queda de 27% dos investimentos neste ano.

Ele destaca que o único fator de impulso para os ganhos é o crescente déficit federal, que na verdade atua como apoio significativo à demanda.

A cautela no segmento de renda variável também pode ser justificada pelos altos valuations.

O índice de ações de referência dos EUA é negociado a 19,5 vezes o lucro projetado do buy-side para o próximo ano, conclui Kostin, o nível mais alto desde 2002.