Goldman espera retomada da China com alívio da Covid Zero
O passo da China para aliviar os dois maiores riscos enfrentados pela economia – restrições à Covid e desaceleração do mercado imobiliário – aumenta o otimismo sobre uma retomada do crescimento econômico no próximo ano, e leva alguns economistas a atualizarem as principais previsões.
O Goldman Sachs disse nesta quinta-feira que a expansão do PIB da China deve se acelerar no segundo semestre de 2023 e em 2024, depois de a economia superar o impacto negativo inicial ao sair da estratégia de Covid Zero no segundo trimestre.
Na quarta-feira, o Australia & New Zealand Banking elevou sua previsão de crescimento em 2023 para mais de 5%, enquanto nesta semana o Morgan Stanley previu um aumento dos gastos dos consumidores.
A confiança no cenário para a China melhorou desde que o governo de Pequim flexibilizou as regras de controle da Covid e introduziu um amplo pacote de medidas para ajudar o financiamento imobiliário na semana passada. Embora seja improvável que as ações impulsionem o crescimento de forma imediata – especialmente com os casos de Covid em alta na China –, podem ajudar a estimular o consumo e colocar um piso sob a queda do mercado imobiliário.
“Os últimos dias trouxeram boas notícias inesperadas”, disse Tom Orlik, economista-chefe global da Bloomberg Economics, durante participação nesta quinta-feira no New Economy Forum, realizado em Singapura. “As perspectivas para 2023 são um pouco melhores do que pareciam alguns dias atrás.”
A Bloomberg Economics agora vê um risco positivo maior para suas projeções de crescimento na China de 3,5% este ano e de 5,7% em 2023.
O ANZ elevou sua previsão de expansão para o próximo ano para 5,4%, em relação a uma estimativa anterior de 4,2%.
O Morgan Stanley espera que o consumo privado dê um salto de 7% em 2023, em relação à alta projetada de 1,7% este ano.
Os economistas do Goldman estimaram que o crescimento trimestral anualizado deve se acelerar para 10% no terceiro trimestre do próximo ano frente a apenas 2% no segundo trimestre, supondo que a China comece a reabrir em abril.
Isso ajudará o PIB anual a se expandir 4,5% em 2023, o que seria uma retomada comparada aos 3% esperados este ano, escreveram os economistas liderados por Hui Shan em nota nesta quinta-feira.
Consumo privado
Os economistas apontaram que em alguns mercados no leste da Ásia, incluindo Coreia do Sul, Taiwan e Hong Kong, o consumo privado real recuou durante o primeiro trimestre de suas respectivas reaberturas, que foram seguidas por uma recuperação no segundo trimestre, com a queda do número de casos e superação do fator medo.
“Acreditamos que o crescimento chinês provavelmente exibirá um padrão semelhante no próximo ano”, disseram os economistas do Goldman.
A política fiscal deve permanecer acomodatícia no primeiro semestre de 2023 antes de se normalizar nos seis meses seguintes, disseram, quando o consumo e os serviços devem “se recuperar acentuadamente”. A política monetária se normalizará após a reabertura, com as taxas de juros previstas para “subir mais” à medida que a demanda por crédito aumenta, disseram.
O Goldman espera que o impulso de crescimento com a reabertura da China permaneça no primeiro semestre de 2024, com uma projeção de expansão de 5,3% naquele ano.
Com a expectativa de que a política fiscal se torne menos expansionista, o investimento em infraestrutura pode se desacelerar “significativamente”, para apenas 2% em 2023 frente a uma projeção de 12% neste ano, disseram os economistas. O investimento imobiliário deve se manter “lento”, com retração de 10% em 2023, um pouco acima do declínio estimado de 9% deste ano, projetaram.
Com o enfraquecimento da demanda global, as exportações provavelmente encolherão 2% em 2023, depois do ganho de 8,5% neste ano, estimou o Goldman.
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