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Goldman e BofA veem pior ano desde 2008 para bolsas europeias

24 out 2022, 11:16 - atualizado em 24 out 2022, 11:22
Bank of America BofA
O nível sinaliza uma valorização inferior a 2% em relação ao fechamento de quinta-feira, enquanto o levantamento projeta baixa de 1,1% para o índice Euro Stoxx 50 no mesmo período (Imagem: Reuters/Carlo Allegri/File Photo)

Esqueça o rali do Papai Noel para tirar as bolsas europeias da estagnação, dizem estrategistas do Goldman Sachs ao Bank of America.

Estrategistas reduziram as metas nos últimos 30 dias: a previsão média de 406 pontos em uma pesquisa da Bloomberg indica queda de 17% para o índice Stoxx Europe 600 este ano, o pior desempenho desde a crise financeira global.

O nível sinaliza uma valorização inferior a 2% em relação ao fechamento de quinta-feira, enquanto o levantamento projeta baixa de 1,1% para o índice Euro Stoxx 50 no mesmo período.

Empresas como Goldman e BofA têm cortado as projeções nas últimas semanas diante da menor expectativa de um rali das bolsas no fim do ano à medida que investidores se preocupam com o impacto dos crescentes rendimentos nos lucros e com a turbulência política no Reino Unido.

No mês passado, o Stoxx 600 entrou em mercado baixista, com a percepção de que a inflação disparada e o aperto da política monetária vão levar a uma recessão global.

“Um ‘momentum’ mais amigável no mix de crescimento/inflação/políticas ou uma capitulação dos investidores serão necessários para um piso genuíno de ‘bear market’ no curto prazo”, escreveram estrategistas do Goldman como Cecilia Mariotti, na semana passada.

A previsão de fim de ano, de 360 pontos, é a mais baixista entre as pesquisadas pela Bloomberg, o que implica uma queda de quase 10% em relação ao fechamento de quinta-feira.

Em março, estrategistas esperavam, em média, que o Stoxx 600 fechasse o ano praticamente estável em relação ao fim de 2021.

Em vez disso, o benchmark mostra baixa acumulada de 20% até agora, sob o peso da inflação crescente, bancos centrais determinados a subir os juros, as consequências da guerra na Ucrânia e a crise de energia.

Stephane Ekolo, da TFS Derivatives, cuja previsão em março foi a que chegou mais perto da extensão dos declínios atuais, não espera trégua tão cedo.

“As perspectivas para o mercado europeu serão terríveis para o fim do ano e provavelmente para o próximo ano”, disse Ekolo.

“Os ventos contrários macro não estão nem perto de diminuir, as tensões geopolíticas continuam aumentando e, com a forte inflação persistente, vejo destruição da demanda que será, de certa forma, evidenciada nesta temporada de balanços e na próxima.”

No mês passado, as bolsas europeias atingiram seu nível mais baixo desde novembro de 2020, mas depois deram um salto tímido que já começa a perder força.

Muitos participantes do mercado dizem que as posições técnicas podem alimentar alguns ganhos, mas os fundamentos permanecem sombrios.

Nem mesmo um bom início de temporada de resultados corporativos estimulou otimismo suficiente para elevar o mercado em geral.

E estrategistas do BofA alertam que as perspectivas de lucro podem piorar.

“Mesmo após a forte pressão vendedora deste ano, as ações ainda não estão precificadas para a perda contínua no ritmo de crescimento que esperamos ver nos próximos meses”, disse a estrategista do BofA Milla Savova, que projeta o Stoxx 600 fechando em 380, perto das mínimas do mês passado.

Savova espera que os lucros caiam 20% no próximo ano, puxados para baixo pela pressão das margens e pela desaceleração do crescimento econômico.

“Acreditamos que a atual resiliência dos resultados europeus se mostrará insustentável”, acrescenta.

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