Economia

Goldman e Bernstein alertam que ações devem voltar a cair

04 ago 2022, 19:47 - atualizado em 04 ago 2022, 19:47
Goldman Sachs
Com os investidores migrando mais uma vez para ações nas últimas semanas, os estrategistas do Goldman afirmaram que o posicionamento do mercado melhorou (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)

A recente e rápida recuperação dos mercados de ações não vai durar à medida dados econômicos se deterioram e estimativas de lucros são cortadas, alertam estrategistas do Goldman Sachs e Sanford C. Bernstein.

“Sem sinais claros de uma mudança macro positiva, uma redução temporária da percepção de risco pode na verdade aumentar a possibilidade de uma nova queda no mercado, ao invés de sinalizar o fim do mercado de baixa”, escreveram estrategistas do Goldman liderados por Cecilia Mariotti em nota.

Com os investidores migrando mais uma vez para ações nas últimas semanas, os estrategistas do Goldman afirmaram que o posicionamento do mercado melhorou, saindo de um nível bastante vendido em junho, e que a virada nas alocações de ativos pode manter a alta no curto prazo.

Mas, em uma última análise, os estrategistas disseram que não estão convencidos de que o posicionamento já atingiu seu pior nível e acham que “a trajetória a partir daqui provavelmente se tornará mais dependente de dados macroeconômicos”.

Os estrategistas da Bernstein Sarah McCarthy e Mark Diver disseram em nota que o ciclo de rebaixamento dos lucros está apenas começando, juntamente com as saídas de fundos de ações.

Embora os investidores tenham parado de comprar ações no segundo trimestre, os fundos ainda não viram uma reversão dos “enormes” influxos de US$ 200 bilhões vistos no primeiro trimestre, disseram.

“Esperamos outra queda no mercado no curto prazo”, escreveram os estrategistas da Bernstein.

Os mercados de ações da Europa e dos EUA registraram seus maiores ganhos mensais desde 2020 em julho, à medida em que investidores ficaram otimistas com lucros corporativos resilientes ao aumento da inflação e às perspectivas piores para o consumo.

Enquanto isso, dados econômicos mais fracos aumentaram as apostas em uma atuação mais moderada do Federal Reserve.

A queda nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano alimentou um salto de 19% na Nasdaq (US100) 100 em relação às mínimas de junho.

Mas com os dirigentes do Federal Reserve prometendo continuar uma luta agressiva para esfriar a inflação apesar dos riscos de recessão, os estrategistas alertaram contra a suposição de uma recuperação sólida nos mercados de ação.

Embora os lucros corporativos tenham sido muito melhores do que se temia nesta temporada, estrategistas do Morgan Stanley e do Bank of America disseram que as estimativas de lucro ainda deverão sofrer cortes severos antes que os papéis alcancem suas verdadeiras mínimas.

Os estrategistas do Berenberg, Edward Abbott e Jonathan Stubbs, também alertaram para a ameaça de lucros mais fracos.

O modelo dos estrategistas mostrou que os lucros corporativos podem cair de 15% a 20% na comparação anual à medida em que as margens são pressionadas.