Bancos

Goldman corta meta para S&P 500 sob peso de juros do Fed

23 set 2022, 9:38 - atualizado em 23 set 2022, 9:38
Goldman Sachs
O Goldman explicou que os riscos para sua previsão mais recente ainda estão inclinados para o lado negativo, por causa das crescentes chances de recessão (Imagem: Reuters/Brendan McDermid)

O Goldman Sachs cortou sua meta para o índice S&P 500 de 4.300 para 3.600 pontos no fim do ano.

O banco argumenta que o cenário de juros mais altos vai pesar sobre o preço das ações nos EUA.

O cenário de taxas mais altas no modelo de “valuation” do Goldman implica um múltiplo de preço-lucro de 15 vezes, em comparação com 18 vezes anteriormente, escreveram estrategistas como David J. Kostin em nota na quinta-feira.

“Nossos economistas agora preveem que o Fomc aumentará a taxa básica em 0,75 ponto percentual em novembro, 0,5 ponto percentual em dezembro e 0,25 ponto percentual em fevereiro, para uma taxa de fundos máxima de 4,5% a 4,75%.”

O Goldman explicou que os riscos para sua previsão mais recente ainda estão inclinados para o lado negativo, por causa das crescentes chances de recessão – um cenário que reduziria os lucros corporativos, aumentaria a diferença de rendimentos e empurraria o índice de ações de referência dos EUA para uma mínima de 3.150.

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, sinalizou que arriscaria uma recessão para os EUA se esse for o preço para combater a inflação, o que gerou a preocupação de que os bancos centrais possam frear o crescimento global.

Os valuations das ações e rendimentos reais têm caminhado em sincronia nos últimos anos, mas essa relação divergiu recentemente, o que representa um risco para a renda variável, disse o banco de investimento americano.

Anteriormente, o Goldman trabalhava com a premissa de que que os juros reais terminariam 2022 perto de 0,5%, o que se compara com a estimativa atual de 1,5%

Além do Goldman, vários estrategistas consultados pela Bloomberg reduziram suas estimativas de fim de ano para o S&P 500, mesmo que ainda projetem, em média, uma alta de 16% para o índice em relação aos patamares atuais até o fim do ano.

Os analistas também reduziram os preços-alvo para ações dos EUA, mas ainda preveem retornos de quase 26% para o benchmark nos próximos 12 meses.

As estimativas de lucro de empresas que fazem parte do S&P 500 aumentaram 6% este ano, mas sofreram alguns cortes desde junho.

A maioria dos investidores de renda variável adotou a visão de que um cenário de pouso forçado é inevitável.

Por isso, o foco agora está no momento, magnitude e duração de uma possível recessão, escreveram Kostin e equipe.

Sob essa estrutura, as metas de 3, 6 e 12 meses do S&P 500 seriam de 3.400, 3.150 e 3.750, respectivamente, disseram.

No entanto, o S&P 500 mostra desempenho inferior ao do Stoxx Europe 600 Index desde 12 de setembro, quando Kostin e equipe viam os EUA como uma aposta mais segura do que a Europa.

Também dizem que um rali no fim do ano do índice acionário americano para 4.300 pontos seria possível se a inflação der sinais claros de desaceleração.

A nova meta de caso-base do Goldman implica uma queda de 4,2% para o S&P 500 em relação ao fechamento de quinta-feira.

As metas de 6 meses e 12 meses para o índice seriam de 3.600 e 4.000, respectivamente.

O banco americano, como muitos de seus pares, diz que a incerteza elevada exige um posicionamento defensivo dos investidores e que, por isso, devem buscar ações com atributos de qualidade para o portfólio, como balanços sólidos, altos retornos sobre o capital e crescimento estável das vendas.

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