Goldman Asset vê benefícios limitados de acordo Brexit
A Goldman Sachs Asset Management precisa de mais do que apenas a promessa de um acordo do Brexit em estágio final para se tornar otimista em relação aos ativos do Reino Unido.
A equipe de renda fixa global da GSAM espera que o Reino Unido e a União Europeia alcancem um pacto comercial “magro” no final do ano, embora mantenha uma posição “amplamente neutra” em libras, gilts (títulos do Tesouro britânico) e mercado de crédito corporativo do país.
A economia enfrenta obstáculos da Covid-19 e do Brexit, e os mercados oscilam entre os acontecimentos em ambos, disse Hugh Briscoe, gestor de renda fixa global da empresa, em entrevista em 25 de setembro.
A GSAM tem mantido essa visão ao longo do ano, e os comentários de Briscoe não foram alterados depois que a Bloomberg contatou um representante de relações públicas externo na quinta-feira.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, vai participar das negociações no sábado com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. A libra teve uma semana volátil em meio a sinais conflitantes sobre o resultado de uma rodada final programada de negociações do Brexit, que pode determinar se o Reino Unido evitará um divórcio complicado no fim do ano.
“Apesar das negociações frágeis e muitas vezes voláteis, acho que a UE e o Reino Unido chegarão a um acordo”, disse Briscoe.
No entanto, quatro anos de incerteza sobre o futuro do Reino Unido fora do bloco já afetaram a economia. E a nova onda de coronavírus ofusca a importância de cada reviravolta no drama para alguns investidores.
A Allianz Global Investors também antecipa um acordo, mas tão limitado que se encaixaria nos modelos anteriores do Banco da Inglaterra de um Brexit duro, disse o gestor de recursos Mike Riddell. Ele acrescentou que os gilts, os mercados de inflação britânicos, crédito e libra esterlina enviam sinais diferentes sobre o risco de não se chegar a um acordo.
Otimismo
Nem todo mundo está pessimista sobre a libra. A BlueBay Asset Management adotou uma visão otimista para a moeda em relação ao euro na semana passada, e espera uma valorização de 3% em um acordo comercial. A empresa é mais cautelosa sobre a taxa libra-dólar, disse o diretor de investimentos, Mark Dowding, na sexta-feira.
“Os cenários eleitorais nos EUA são múltiplos e complexos, e Trump com Covid apenas contribui para isso”, disse.
Apesar das perspectivas sombrias para a economia do Reino Unido, a GSAM não espera que o BOE corte as taxas de juros abaixo de zero. Economistas do Goldman Sachs disseram em setembro que se um acordo comercial não for fechado, isso estaria entre os fatores que pressionariam os juros para território negativo.
“O comentário do banco central foi um tanto matizado, talvez porque as autoridades monetárias gostariam de preservar a opcionalidade no caso de um Brexit desordenado”, disse Briscoe, da GSAM. “Em qualquer caso, reduzimos nossa posição underweight em juros do Reino Unido.”