Goldman alerta para recessão na América Latina pior que da década de 80
As economias da América Latina têm se deteriorado em ritmo mais rápido do que em qualquer momento da história e podem registrar a pior retração no período pós-Segunda Guerra Mundial, segundo o Goldman Sachs.
O banco de Nova York reduziu a previsão para a economia da região, que deve encolher 3,8% neste ano em comparação com a estimativa anterior de retração de 1,2% há apenas uma semana.
A retração é ainda pior do que a queda de 2,1% durante a crise financeira global em 2009 e o resultado negativo de 2,4% em meio à crise da dívida latino-americana de 1983.
Os governos da região devem responder com cortes de juros para mínimas históricas, disseram economistas da equipe do Goldman liderada por Alberto Ramos em relatório.
Segundo o Goldman, o BC deve reduzir a Selic para 3%, enquanto autoridades monetárias da Colômbia, Peru e México devem seguir os passos com a política de afrouxamento.
“O principal objetivo de curto prazo não é a ortodoxia fiscal, mas impedir o colapso e o congelamento profundo da atividade econômica”, escreveram. “Uma retração súbita e profunda da atividade” pode levar até empresas com boa gestão e financeiramente sólidas ao colapso, disse o banco.
Esta sombria perspectiva complica um momento já desafiador para os mercados latino-americanos.
A Venezuela não tem acesso aos mercados internacionais desde que parou de pagar seus títulos de dívida no final de 2017.
A Argentina inicia a reestruturação da dívida e o Equador tenta reperfilar as obrigações em meio à propagação de coronavírus na capital de negócios do país.
O alto nível de endividamento público em países como Argentina, Brasil e Equador pode reduzir o tamanho dos pacotes fiscais destinados a enfrentar a crise de saúde pública, escreveram economistas do Goldman.
O banco destaca que essas restrições de políticas e obstáculos devem elevar o impacto econômico da pandemia de coronavírus.