Gol (GOLL4): O que diz o CEO aos colaboradores sobre andamento de fusão com a Azul (AZUL4)?
Um dos grandes temas do noticiário corporativo nesta quinta-feira (16) foi a assinatura do Memorando de Entendimentos Não Vinculante (MoU) pela Azul (AZUL4) e a Abra Group, holding controladora da Gol (GOLL4), dando um passo em direção a uma possível fusão entre as aéreas.
O CEO da Gol, Celso Ferrer, destacou em vídeo divulgado aos colaboradores, ao qual o Money Times teve acesso, que o acordo não é vinculante, sendo assim, pode ou não ir para frente. Ele explicou que o MoU tem como principal objetivo viabilizar uma análise mais profunda dos negócios e operações das partes.
“Ao mesmo tempo [que anunciou o MoU], a Abra destacou e reafirmou seu compromisso de apoiar a Gol em seu plano independente, reforçando a confiança em nosso processo de Chapter 11 e nossa capacidade de encerrar essa jornada renovados e fortalecidos”, disse.
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Aos colaboradores, Ferrer pontuou que nada muda no dia a dia da operação ou na atual estratégia da companhia, destacando que é parte do negócio da Abra investir em companhias no setor aéreo, buscando eficiência e sinergias.
“Vale lembrar que a Abra foi criada com a união de sólidos investidores, entre eles a família Constantino — que é a nossa fundadora. Esse é um negocio da Abra que, sendo uma empresa que investe em companhias, avaliou que poderia ser o momento de olhar mais detalhadamente para a operação da Azul. […] O anúncio da Abra é o início de um longo processo que poderá ou não terminar em consolidação”, afirmou.
Caso a fusão seja concluída, Azul e Gol manterão seus certificados operacionais independentes, no entanto, atuando sob uma única empresa resultante listada. Ou seja, na prática, será uma empresa — presente na Bolsa — com duas companhias aéreas, mantendo as bandeiras já conhecidas.
Sobre este aspecto, caso o processo de concretize, Ferrer aponta que a Gol irá se valer de sua posição fortalecida e dos avanços nos últimos meses para explorar com a Azul todo o potencial do mercado em que atuam. Já no caso de o negócio não avançar, o CEO afirma que a companhia seguirá a risca seu Plano Financeiro de 5 Anos, que contempla a estratégia de crescimento da aérea e como fortalecerão o balanço.
“Hoje estamos mais fortes do que há um ano. Nos últimos meses, avançamos nas negociações como uma empresa independente e assim saíremos do Chapter 11. Nosso plano de reestruturação é independente e posiciona a companhia para o longo prazo”, afirma.
Celso Ferrer completa que, para 2025, o foco será no que é prioridade para a Gol, com maximização de produtividade e redução dos custos, buscando eficiência e competitividade.
Possível fusão Azul e Gol: o que se sabe até agora?
Conforme as informações divulgadas, em caso de concretização do negócio, a companhia combinada contará três conselheiros da Abra, três da Azul e três independentes.
Vale pontuar que a fusão depende do fim do processo de Chapter 11 da Gol, que nada mais é do que uma recuperação judicial nos Estados Unidos. A previsão é de que o processo de encerre em abril deste ano.
O presidente do conselho da futura companhia será indicado pela Abra e o diretor-executivo (CEO) será indicado pela Azul.
A nova companhia seguirá o modelo de “corporation”, ou seja, empresa sem controlador definido, com a Abra sendo a maior acionista. No entanto, a definição dos percentuais exatos de participação de cada aérea depende do fim do Chapter 11 da Gol.
A fusão das duas empresas resultaria em uma participação de cerca de 60% no mercado doméstico, ultrapassando os 40% da concorrente Latam, conforme dados da Anac. Vale lembrar que a Azul possui uma frota que inclui jatos regionais da Embraer e aviões de corredor único e duplo da Airbus. Já Gol utiliza exclusivamente aeronaves Boeing 737.
Nenhuma das empresas fará novos investimentos financeiros para a possível fusão, que envolverá apenas ativos já disponíveis. A Azul também continuará a comprar aviões da Embraer e a buscar sinergias em voos internacionais.
Conforme o documento divulgado ao mercado, a alavancagem das duas empresas combinadas não poderá ultrapassar a da Gol após o fim da recuperação judicial, sendo este um parâmetro crucial para a concretização da fusão.
Vale destacar que a alavancagem representa o uso de recursos de terceiros (dívidas) para multiplicar a capacidade de investimento e resultados. A Gol divulgou que pretende chegar ao fim da recuperação judicial com o indicador em torno de 4,5 vezes na relação dívida líquida/Ebitda de 12 meses.
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