Gol (GOLL4) ganha fôlego de US$ 1,4 bilhão
A Gol (GOLL4) informou que sua holding, a Abra, criada para administrar as operações da brasileira e Avianca, conseguiu financiamento de US$ 1,4 bilhão em sênior notes com vencimento em 2028, mostra fato relevante enviado ao mercado nesta sexta-feira (3).
Segundo o documento, as garantias para o financiamento serão a propriedade intelectual e marca da Smiles, programa de fidelidade da Gol, e também um penhor compartilhado sobre a propriedade intelectual, marca e peças sobressalentes da Gol.
Em fevereiro, a empresa já havia anunciou a reestruturação de sua dívida junto a Abra. A Abra irá se comprometer em adquirir certos bonds de alguns investidores e investir cerca de US$ 400 milhões na companhia.
“A transação entre a Abra e a Gol representa uma das maiores operações de gestão de passivos e de refinanciamento já concluídas, tanto na indústria aérea como nos mercados emergentes. Esta transação representa também a décima transação de gestão de endividamento ou de captação de recursos que a Gol concluiu desde o início da pandemia da Covid-19, sendo que a Gol agradece a todos os seus intervenientes o apoio prestado ao longo dos últimos três anos”, justifica.
A Abra foi assessorada pelo Bank of America Securities, Evercore e Milbank, a Gol foi assessorada pelo Lefosse e o Ad-Hoc Group foi assessorado pelo Rothschild & Co., Dechert e Padis Mattar.
Cenário ruim para Gol na bolsa
As empresas de setor aéreo vivem o pior momento na bolsa. Enquanto a Azul (AZUL4) atingiu a menor cotação desde que realizou seu IPO, em 2017, a Gol também viu seu valor de mercado alcançar a mínima em sete anos, superando, inclusive, a pandemia da Covid, quando centenas de aviões ficaram sem voar.
Além do cenário macroeconômico ruim, empresa aéreas costumam ser altamente endividadas. A soma da disparada da Selic, a Taxa Básica de Juros, com a crise de confiança provocada pela Americanas (AMER3) fez o investidor perde a paciência e vender os papéis a rodo.
A situação das companhias piorou ainda mais depois que agências de classificação de risco cortaram o rating. A Fitch, por exemplo, levou a classificação da Azul para CCC, um patamar menor que o calote, citando o caso Americanas.
Na avaliação dos analistas, a Gol reportou dados neutros: mesmo com a recuperação na taxa de ocupação, a companhia ainda não conseguiu recuperar o mesmo nível de demanda de 2019.
“Achamos que a operação e a injeção de capital devem ajudar a Gol a cumprir parte de suas obrigações nos próximos dois anos. Contudo, o custo de dívida elevado aliado ao momento delicado da empresa e a incerteza sobre o setor ainda nos deixa com uma visão negativa para o papel”, afirmam.