Gol e Azul fazem corte em oferta de voos e ações disparam mais de 10%
A companhias aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) anunciaram nesta terça-feira novas medidas para fazer frente à queda na demanda de passageiros em razão da pandemia do Covid-19, com drástico corte na oferta de voos, o que respaldava forte valorização de suas ações em sessão mais positiva nos mercados no Brasil e no exterior.
Com isso, os papéis preferenciais da Gol subiram 16,88%, a R$ 8,10, e as ações preferenciais da Azul fecharam com valorização de 13,24%, a R$ 16,17. Na máxima da sessão, chegaram a avançar 24,10% e 23,67%. Até a véspera, acumulavam quedas de 82% e 75,5% em 2020.
A Gol anunciou que reduziu a oferta de voos em aproximadamente 92% no mercado doméstico e que vai parar de operar nos mercados internacionais entre o período de 28 de março a 3 de maio, com suspensão de todas as operações regionais e internacionais regulares.
“Enquanto os brasileiros adotarem um comportamento responsável de isolamento social e evitarem viagens, a Gol manterá uma malha essencial de 50 voos diários entre o Aeroporto Internacional de São Paulo em Guarulhos e as demais 26 capitais”, afirmou a companhia em fato relevante.
Segundo a Gol, a oferta de serviços será ajustada conforme a demanda específica dessas capitais e voos extras ocorrerão de acordo com a necessidade para destinos regionais e internacionais. O tempo limite das conexões será flexibilizado para assegurar a interligação entre capitais em até 24 horas.
Na mesma direção, a Azul comunicou que entre 25 de março e 30 de abril espera operar 70 voos diretos por dia, para 25 cidades, o que representa uma redução de 90% de sua capacidade total.
“As medidas de contenção e quarentena que estão sendo implementadas em todo o país estão limitando significativamente a mobilidade de nossos clientes, tripulantes e parceiros, o que torna inviável a operação de várias rotas que servimos”, disse a Azul.
O setor aéreo no mundo todo vem sofrendo mais recentemente em razão da série de medidas de restrição de circulação de pessoas decorrente da rápida disseminação do novo coronavírus.
Mais cedo, o chefe da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) alertou que as companhias aéreas de todo o mundo estão em situação de emergência e os pacotes de resgate de governos são necessários o mais rápido possível para evitar o colapso de várias empresas.
No Brasil, o setor é ainda afetado pelo comportamento da taxa de câmbio, com o dólar mostrando forte valorização em relação ao real neste ano. Nesta sessão, porém, o dólar cedia 1,25%, a 5,0743 reais na venda.
Mais medidas
A Azul também divulgou que aumentou a quantidade de tripulantes que aderiram ao programa de licença não-remunerada da companhia, totalizando mais de 7,5 mil até esta terça-feira, o que representa mais de metade do total da força de trabalho da empresa.
A aérea ainda anunciou a redução de 50% nos salários de membros do comitê executivo (diretores e diretores estatutários) e corte de 25% nos salários dos gerentes.
A Azul também está trabalhando para fortalecer sua liquidez, negociando novas condições de pagamento com seus parceiros e avaliando uma nova linha de crédito com instituições financeiras, entre outras iniciativas.
Já a Gol disse que flexibilizou as regras e procedimentos de alteração de passagens, para que os clientes com voos reservados entre 28 de março e 3 de maio tenham a opção de alterar suas viagens sem nenhuma cobrança de taxa.