Globo sob risco? Fitch rebaixa perspectiva para negativo; veja dois pontos de preocupação para emissora
A Fitch Ratings, agência de classificação de riscos, rebaixou a perspectiva da Globo para negativa, devido, principalmente, às baixas margens Ebtida da empresa e ao cenário desafiador em relação à concorrência e inovações para os espectadores e anunciantes.
Apesar disso, o rating para moeda foi reafirmado em AAA.
Para a Fitch, a perspectiva negativa reflete os desafios que a Globo enfrenta para retomar margens de Ebtida a dois dígitos e fluxos de caixa robustos, visto que a competitividade no mercado publicitário permanece elevada.
Além disso, os resultados do negócio de conteúdo continuam apresentando redução na base de clientes de TV por assinatura no Brasil e a plataforma de streaming da emissora, o Globoplay, ainda registra desempenho negativo, embora melhor do que antes.
“O caixa líquido da Globo e sua forte posição competitiva no setor brasileiro de comunicação são importantes fundamentos dos ratings, que compensam parcialmente a pressão no desempenho operacional da empresa.” diz o relatório.
Margens baixas, mas fluxo de caixa da Globo segue positivo
O primeiro ponto de atenção destacado pela Fitch é que as margens Ebtida da Globo devem ficar na faixa de um dígito médio ao longo do horizonte de rating, devido ao ambiente desafiador para o setor e da base de custo operacional mais elevada, por conta da expansão da plataforma de streaming.
O cenário-base considera receita líquida de R$ 15 bilhões a R$ 16 bilhões em 2023 e 2024, respectivamente, com margens Ebtida de 5% a 6%.
A Fitch destaca que reagendamento dos jogos de futebol da temporada de 2020 para 2021 aumentou a amortização dos direitos de transmissão esportivos em 2021 e afetou negativamente o Ebtida naquele ano, enquanto as transmissões não lucrativas da Copa do Mundo devem afetar as margens em 2022, que, pelas projeções da agência, ficaria próximo a neutro.
“A margem de fluxo de caixa livre (FCF) da empresa deve ficar na faixa de um dígito baixo a médio, apesar da fraca geração de Ebtida, devido, principalmente, à receita financeira proveniente da posição de caixa da Globo.” diz.
Ambiente desafiador no setor
O segundo ponto é o ambiente desafiador no setor, visto que a Globo enfrenta forte concorrência em termos de receitas de publicidade e conteúdo/programação, além de desafios para oferecer plataformas novas e atraentes a espectadores e anunciantes.
De acordo com o relatório, o mercado brasileiro de TV por assinatura enfrenta uma retração: no terceiro trimestre deste ano, registrou 14,7 milhões de assinantes – uma queda de 25% em relação aos 19,5 milhões reportados em 2014.
Dessa forma, a estratégia da companhia para enfrentar as mudanças no mercado e o declínio de seu negócio de transmissão de TV tradicional incluiu o lançamento do serviço de vídeo por assinatura sob demanda, a Globoplay.
As assinaturas do produto cresceram rapidamente (27% ao ano) nos últimos dois anos. Entretanto, a Fitch aponta que, para a plataforma ganhar escala suficiente, serão necessários mais dois a três anos de crescimento neste ritmo.