Inflação dos EUA em fevereiro reforça cautela de Fed, diz analista; entenda

O índice de preços PCE, principal indicador de inflação dos Estados Unidos, subiu 0,3% em fevereiro, acumulando alta de 2,5% em 12 meses — ainda acima da meta de 2% perseguida pelo Federal Reserve (Fed).
Segundo divulgado pelo Bureau of Economic Analysis (BEA), o núcleo da inflação, que exclui alimentos e energia, avançou 0,4% no mês e chegou a 2,8% no acumulado do ano.
Com o Fed mantendo os juros entre 4,25% e 4,50%, as expectativas para cortes ainda em 2025 estão em jogo. No entanto, as novas tarifas de importação impostas por Donald Trump, incluindo uma taxa de 25% sobre carros e autopeças, podem pressionar ainda mais os preços e afastar a inflação da meta.
No Giro do Mercado desta sexta-feira (28), Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, chama atenção na possibilidade de corte de juros lá fora.
Com o número cheio vindo pior do que o esperado, enquanto o núcleo, excluindo itens voláteis, em linha com o mercado, o analista destaca que o dado reforça a cautela que o Fed deve ter, em relação ao corte de juros.
Para o analista, o mercado continua com a expectativa entre dois, três cortes. Isso porque, no último encontro, o Fed manteve no seu sumário de projeções econômicas os dois cortes que ele já tinha mantido antes. Dessa forma, ainda é visto um cenário de dois cortes de juros.
“Mas, se a economia começar a piorar significativamente, a possibilidade de mais cortes pode aumentar“, destaca.
Pacheco ressalta que Trump não ajuda os agentes econômicos a tomarem as suas decisões. “Um dia fala que vai ter tarifa, depois fala que o mês de abril não vai ser assim, e resulta em um dia mais difícil ao mercado, culminando com esse dado de inflação também ruim para os investidores”, diz.
Apesar desse cenário, o analista ainda acredita que um corte será algo bom, para ativos de risco, por conta da redução da atratividade da renda fixa.
Além disso, o analista pontuou que a possibilidade de acontecer um circuit breaker é muito forte, visto que está alinhado com acontecimentos que o mercado não previa. Contudo, a tarifa já está sendo falada há muito tempo, mesmo que haja possibilidade de uma taxa ‘pior’ ser anunciada.