Gigantes disputam mercado de private banking na Alemanha; briga por “ultra-ricos”
A economia da Alemanha encolhe, e os maiores bancos do país estão em crise. No entanto, bancos como BNP Paribas e JPMorgan Chase correm para ganhar mercado entre os ultra-ricos da Alemanha.
Deutsche Bank, Goldman Sachs e Rothschild também disputam uma fatia da maior economia da Europa. Vários têm como alvo a espinha dorsal industrial do país, conhecida como Mittelstand, com a expectativa de que empresários com mais idade vendam seus negócios. Outros apostam que exércitos de consultores serão necessários para transferir dinheiro de contas com rendimento negativo.
Grandes bancos disputam uma batalha global para administrar os crescentes recursos e negócios dos ultra-ricos. Outros centros de fortunas incluem Brasil, China, Dubai, Califórnia e Cingapura, mas o foco na Alemanha surpreende alguns especialistas do setor, e não apenas por causa do forte crescimento.
O setor de private banking já é extremamente competitivo na Alemanha, com cerca de 1.500 empresas. Além disso, instituições estrangeiras tentaram, mas não conseguiram dominar o mercado.
“Muitos bancos estão investindo no private banking alemão”, disse Hans-Juergen Walter, responsável de serviços financeiros da Deloitte Germany. “Alguns gestores de fortuna vão desaparecer.”
Os bancos sabem que a competição é grande, mas querem uma maior fatia de um país com 6.800 pessoas com patrimônio de pelo menos US$ 50 milhões, o terceiro maior valor do mundo depois dos EUA e da China, segundo o relatório mais recente sobre patrimônio do Credit Suisse.
O BNP Paribas contratou 90 pessoas no segmento de private banking nos últimos 12 meses, segundo Vincent Lecomte, cochefe global de gestão de fortunas do banco. Um elemento-chave é atrair proprietários de empresas por meio dos canais de banco de investimento e setor imobiliário.
O Deutsche Bank e o Goldman Sachs não quiseram divulgar o número de funcionários na Alemanha, mas o Goldman disse que sua equipe local que atende a indivíduos com patrimônio líquido ultra-alto – aqueles com pelo menos US$ 30 milhões – aumentou 25% nos últimos três anos e deve crescer outros 50% nos próximos dois anos. O Deutsche Bank planeja contratar 100 funcionários de front-office para gestão de fortunas em toda a Europa, disse o banco.
Bancos citam a prosperidade de cidades como Munique e Stuttgart como razões para o otimismo, mesmo com a economia do país abalada pelas tensões comerciais e queda da confiança.
Hamburgo, onde uma nova sala de concertos de aço e vidro é testemunha da crescente riqueza da cidade, abriga pelo menos cinco dos 30 alemães mais ricos, que incluem Michael Otto, de acordo com Índice de Bilionários Bloomberg. A Vontobel Holding e o BNP Paribas expandiram os negócios na cidade, enquanto rivais locais como Frankfurter Bankgesellschaft e Feri abriram escritórios recentemente.
Além disso, os ativos líquidos dos ricos da Alemanha – a parte que pode ser administrada por gestores – devem totalizar 1,4 trilhão de euros (US$ 1,55 trilhão) em 2022, diante dos 1,2 trilhão de euros há dois anos, segundo a consultoria Zeb.
Ainda há muito ceticismo sobre quais bancos conseguirão se beneficiar da expansão do private banking na Alemanha. A concorrência e as baixas taxas de juros já reduziram significativamente as margens em comparação aos países vizinhos.