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Gigante global do setor químico, Basf mira tendência de “cinco safras” para crescer no agro brasileiro

22 abr 2025, 7:30 - atualizado em 22 abr 2025, 10:46
Marcelo Batistela, vice-presidente da área de Soluções Agrícolas da Basf no Brasil

A Basf é uma das maiores e provavelmente uma das mais conhecidas indústrias de químicos do mundo. De origem alemã, a companhia faturou mais de 65 bilhões de euros em 2024, com mais de 111 mil funcionários espalhados pelo mundo.

No Brasil, a área de Soluções para Agricultura é a mais relevante para a companhia. E o vice-presidente dessa Divisão no país, Marcelo Batistela, fala em um potencial que pode tornar o agronegócio local ainda mais relevante dentro do próprio setor de forma global.

“Hoje, nós temos uma média de 2,2 safras por ano. Eu não tenho dúvidas que podemos chegar a cinco safras por período em um espaço de dois anos”, diz o executivo, que falou com exclusividade ao Money Times durante a Tecnoshow Comigo, realizada em Rio Verde (GO).

Ele explica que o Brasil está adiantado em diversas práticas que atualmente começam a ser adotadas em outros grandes produtores globais, como o plantio direto. Essa prática consiste na manutenção de palha e outros restos vegetais no solo após a colheita, o que mantém a saúde do solo e evita a erosão.

Batistela afirma que o agricultor brasileiro é muito receptivo a novas tecnologias, e que essa maior eficiência no uso do solo é possível com a combinação de diversas soluções, como, por exemplo, o uso de defensivos agrícolas químicos e biológicos.

As projeções sobre crescimento da área plantada e produção apoiam a tese do executivo da Basf de que o Brasil vai aumentar a produtividade em ritmo muito mais acelerado que a expansão de terras.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) projetou, no final de 2024, uma expansão de 15,5% na área plantada do país até 2034, superando os 92 milhões de hectares.

Somente para a safra 24/25, que se encerra oficialmente em junho, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prevê expansão de 10% na produção agrícola ante o período anterior, para mais de 322 milhões de toneladas.

“Nós teremos cada vez mais que fazer mais com menos. Não é um desafio novo, mas está cada vez mais intenso. Por exemplo, gestão de capital é algo fundamental no agro”, afirma Batistela.

Ciclo curto, clima instável e pragas

Na prática, a Basf vem se posicionando com uma “empresa de agricultura”, como descreve Batistela, sem se limitar à fabricação de defensivos.

“Nós precisamos desenvolver variedades de sementes que tenham ciclos mais curtos, mas que sejam também mais resistentes às mudanças climáticas”, explica o executivo.

Outro desafio para uma produção agrícola tão intensa está nas pragas. “No milho, por exemplo, tem o problema da cigarrinha. Os nematóides (vermes que atacam as raízes das plantas) também atacam muito a produção brasileira hoje”.

Batistela afirma que a Basf já trabalha em uma solução biotecnológica de combate aos nematóides, que deve ser lançada mais para o final da década, entre 2028 e 2029.

Ao todo, o executivo afirma que a companhia fará 34 lançamentos no Brasil até 2030. “Nós resolvemos adotar na Basf o mesmo modelo de negócio dos nossos clientes. A agricultura não é verticalizada. Então, nós temos inclusive soluções de digitalização da produção, com base em dados”.

Ele conta que a empresa já adota tecnologias como Inteligência Artificial para acelerar os testes de cada produto. “Ao invés de testar diretamente no campo, a ciência de dados já tem um histórico que ajuda a prever os efeitos dos componentes em cada cultura e cada ambiente”.

Crescer acima do mercado

O vice-presidente da Divisão de Soluções para Agricultura afirma que a Basf tem conseguido, nos últimos dois anos, ter performance acima da média do mercado de insumos agrícolas no Brasil.

O objetivo é manter essa tendência. Para a 24/25, a CropLife, que representa as empresas especializadas em soluções sustentáveis para a agricultura, espera um crescimento de 3% nas vendas de defensivos agrícolas.

O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) espera um avanço de 6% na mesma safra.

No balanço da Basf referente ao quarto trimestre (4T24) e ao ano de 2024, é possível observar que a relevância do negócio de Agricultura dentro do grupo está em crescimento.

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Entre outubro e dezembro do ano passado, a divisão de Soluções para Agricultura foi a que mais cresceu, de longe, com um avanço de quase 14% nas vendas, que totalizaram mais de 2,5 bilhões de euros. A área de Químicos, que teve o segundo melhor desempenho no período, cresceu menos de 4%.

Essa tendência aparece também quando se faz um recorte geográfico nos resultados da multinacional. A Basf coloca no mesmo grupo América do Sul, África e Oriente Médio. Nestas regiões, as vendas avançaram mais de 7% no quarto trimestre de 2024, para mais de 1,5 bilhão de euros, o melhor desempenho global da Basf.

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Editor-Chefe do Money Times
Jornalista formado na Unesp, tem 20 anos de experiência na profissão e atualmente é editor-chefe do Money Times, com passagens por DCI, Gazeta Mercantil, Agência Estado/Broadcast, Seu Dinheiro, TC Mover e Folha de S. Paulo
renato.carvalho@moneytimes.com.br
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