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Gigante de trading Vitol tenta comprar petróleo da Venezuela

13 mar 2020, 15:11 - atualizado em 13 mar 2020, 15:11
Petróleo Commodities
O acordo proposto seria para uma carga de cerca de 500 mil barris que a Vitol levaria para a refinaria ATPC, em Antuérpia (Imagem: Reuters/Essam Al-Sudani)

Justo quando o governo do presidente Nicolás Maduro parecia ficar sem amigos, um antigo parceiro comercial reaparece para ajudar.

A Vitol, maior operadora de petróleo independente do mundo, negocia a compra de petróleo venezuelano, de acordo com documentos e e-mails aos quais a Bloomberg teve acesso.

Este seria o primeiro acordo da Vitol com a Venezuela depois que os EUA reforçaram as sanções em janeiro de 2019 em meio à tentativa de derrubar Maduro.

O acordo proposto seria para uma carga de cerca de 500 mil barris que a Vitol levaria para a refinaria ATPC, em Antuérpia, segundo os documentos.

A trading de energia, com sede em Roterdã, estuda comprar o petróleo da Libre Abordo SA de CV, uma empresa mexicana pouco conhecida, segundo a qual oferece ajuda humanitária a Caracas em troca de petróleo. Com esse intermediário, a Vitol poderia se esquivar das sanções dos EUA.

Operadores podem fazer negócios lucrativos com países como a Venezuela, rica em petróleo, mas atingida pelo colapso econômico e pelas sanções que minaram a capacidade de vender a commodity, que é sua principal fonte de renda.

Incapaz de vender petróleo e de navegar no sistema financeiro global, a Venezuela recorreu a operações de permuta de petróleo por alimentos e gasolina.

“A Vitol opera seus negócios em total conformidade com todas as leis e regulamentos relevantes, incluindo sanções relacionadas à Venezuela”, afirmou a empresa em comunicado. “A Vitol só consideraria receber produtos de origem venezuelana se tivesse as garantias relevantes de que poderia fazê-lo legalmente.”

A Libre Abordo não retornou telefonema e e-mail com pedidos de comentários.

Proposta

O acordo proposto foi discutido por um operador da Vitol em Londres, segundo os documentos. A carga deveria custar US$ 15,50 o barril, abaixo do Brent, com pagamento a ser feito em euros ou pesos mexicanos contra faturas de bens humanitários, segundo um documento.

Em outro documento, a Vitol diz que, se tudo correr bem, a empresa “poderá avaliar um volume adicional daqui para frente”.

A Venezuela, entre os membros que fundaram a Opep e que já foi a maior produtora de petróleo da América Latina, agora produz menos petróleo que Dakota do Norte.

Abalada pela corrupção generalizada, inflação de três dígitos e uma crise de refugiados quase tão grave quanto a da Síria, o país tenta vender seu petróleo depois que as sanções impediram o acesso aos EUA, o principal destino do produto.

Fundada há mais de meio século, a Vitol passou de uma pequena trading de combustíveis holandeses para uma operadora de energia global com grandes unidades de trading em Londres, Genebra, Houston e Cingapura.

Antes do choque mais recente do preço do petróleo e da queda na demanda devido à pandemia de coronavírus, a empresa processava cerca de 8 milhões de barris de petróleo e derivados por dia, ou cerca de 8% da demanda global.

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