Gestores que mais ganharam com eleição de 2018 têm nova aposta
Os gestores de multimercado que se destacaram durante a última eleição presidencial brasileira estão posicionados em ações de concessionárias de serviços públicos às vésperas do pleito de outubro.
Marcos Peixoto e João Braga estão otimistas com o cenário para as ações brasileiras, em meio a um possível pico na taxa básica de juros, dados de atividade econômica acima do esperado e valuations historicamente baixos.
Os dois acreditam que o setor de utilities é particularmente atrativo. E suas apostas independem do vencedor da corrida ao Palácio do Planalto: não importa o próximo presidente, há espaço para ganhos, eles dizem.
Peixoto e Braga foram responsáveis pela gestão do XP Long Biased, da XP Asset Management, durante o período eleitoral de 2018, quando o fundo teve a melhor performance entre multimercados monitorados pela Bloomberg. Peixoto segue na XP Asset, enquanto Braga deixou a empresa no meio da pandemia para abrir sua própria gestora — um movimento também feito por outros executivos no breve período de Selic na mínima histórica.
Em entrevistas separadas, os investidores apontaram para os múltiplos baratos do mercado local, com a relação preço sobre lucro estimado para os próximos 12 meses do Ibovespa cerca de 42% abaixo da média histórica de dez anos. Muito desse desconto está atrelado à incerteza sobre o que a eleição — que tem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o incumbente Jair Bolsonaro como principais candidatos — pode trazer.
“O discurso pós-eleitoral pode ser o grande gatilho para a bolsa, independente de quem ganhe”, disse Peixoto.
A maior posição do XP Long Biased atualmente é no setor elétrico, com a visão de que o setor oferece proteção à volatilidade macroeconômica e valuations “extremamente descontados”, segundo Peixoto. Ele adiciona que alguns nomes negociam a uma taxa interna de retorno real acima de 10%.
Entre 15 de agosto e 30 de outubro de 2018, o XP Long Biased superou todos os seus pares graças a uma operação via derivativos, apostando que um dos candidatos sairia do primeiro turno com uma vantagem decisiva sobre o outro — com o pico da volatilidade ocorrendo antes da primeira votação. Bolsonaro obteve uma vantagem maior do que a esperada sobre Fernando Haddad e alimentou um rali nos ativos domésticos nas semanas que seguiram.
Atualmente, a diferença entre as volatilidades implícitas nas opções de Petrobras que vencem em outubro e nas com vencimento em novembro não é tão grande, removendo o apelo da operação que foi bem sucedida em 2018. A última pesquisa Genial/Quaest mostra Lula liderando no primeiro turno com 44% das intenções de voto, ante 34% para Bolsonaro, enquanto o líder petista também segue à frente em um potencial segundo turno.
Braga, sócio-fundador da Encore Asset Management, tem um pouco menos de 25% do fundo no setor elétrico, incluindo ações de Equatorial, Energisa, Auren e Eletrobras.
“Estamos otimistas, mas não é necessário buscar nomes arriscados quando há muita coisa de qualidade e barata”, disse Braga. “Não é preciso ser herói.”
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