Gestores ‘de lado’ no câmbio com fim do ciclo e eleição apertada
Uma corrida eleitoral mais acirrada do que o esperado e o possível fim do aperto da taxa de juros no Brasil estão fazendo com que os multimercados evitem grandes posições no real.
A Genoa Capital, fundada em 2020 por veteranos da Itaú Asset Management, disse na sexta-feira que encerrou uma posição vendida no real contra o dólar.
Já a Verde Asset Management, de Luis Stuhlberger, foi na direção oposta e informou aos clientes na segunda-feira que seu fundo carro-chefe havia zerado uma aposta favorável à moeda brasileira.
Após elevar a taxa Selic em 11,75 pontos percentuais nos últimos 17 meses, para 13,75%, o Banco Central sinalizou que o processo de alta de juros pode ter se encerrado.
Ao mesmo tempo, as pesquisas eleitorais mais recentes indicam que o presidente Jair Bolsonaro reduziu a vantagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva antes do pleito em outubro.
O fato de a eleição estar se mostrando mais competitiva pode trazer “surpresas positivas”, disse Bruno Marques, gestor da XP Asset Management, que tem cerca de R$ 140 bilhões sob gestão.
A XP Asset Management e a Legacy Capital mantiveram as apostas de que o real, que acumula alta de 7,9% neste ano, se fortalecerá ainda mais em relação ao dólar. Fundos locais reduziram suas posições compradas na moeda americana para cerca de US$ 6 bilhões, de US$ 8 bilhões em julho, segundo dados de derivativos cambiais da B3 compilados pela Bloomberg.
O real possui um “carrego extraordinário”, enquanto os termos de troca continuam muito favoráveis e o crescimento local tem surpreendido positivamente, disse Gustavo Pessoa, sócio-fundador da Legacy.
Recentemente, economistas vêm elevando suas projeções para crescimento do PIB brasileiro em meio ao pacote de estímulos do governo e a fortes dados do mercado de trabalho.
A Opportunity atualmente não tem exposição ao real em sua estratégia de fundos multimercado. O aumento da inflação nos EUA pode levar o Fed a uma alta de juros maior do que a precificada pelos mercados, colocando um risco à moeda brasileira, enquanto o resultado das eleições locais está longe de ser conhecido, disse o gestor Marcos Mollica.
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