Gestores apontam o que vale a pena na Bolsa em meio a pedidos de recuperação judicial
Em meio a pedidos de recuperação judicial de companhias da Bolsa, gestores apontam ações de empresas com contratos corrigidos pela inflação como uma das formas de proteção ao portfólio.
Eles divergem sobre o consumo doméstico – há quem prefira ficar de fora, enquanto outros ainda gostam de segmentos ligados à alta renda -, mas concordam que, no geral, o cenário é “desafiador” por conta do elevado patamar da Selic.
“A gente vê espaço para revisão de lucros para baixo na parte doméstica”, disse André Caldas, sócio da Clave Capital, durante o CEO Conference 2023, evento promovido pelo BTG Pactual nesta terça-feira (14). “O país está com juros altos faz tempo e isso está começando a contrair a economia”.
Ainda assim, Caldas citou Localiza (RENT3), Arezzo (ARZZ3), Soma (SOMA3), Renner (LRNR3) e Itaú Unibanco (ITUB4) como nomes “fortes”, mesmo sendo ligadas ao consumo.
Christian Faricelli, sócio da Absolute Investimentos, disse durante o painel que o do setor de commodities, com exceção de mineração e siderurgia, está “muito barato”. “Óleo e gás gostamos bastante”, afirmou.
Para o gestor, o setor de papel e celulose e o de proteína estão também muito baratos. No entanto, ele destacou que, no curto prazo, vê um cenário mais difícil.
O que define o consumo
Segundo gestores, a incerteza quanto ao futuro arcabouço fiscal, em meio a um debate sobre aumento da meta da inflação, pressiona as perspectivas sobre IPCA e juros.
“Dado que bolsa leva em conta o valor presente, o principal fator [para o preço das ações] é a taxa de desconto [com influência decisiva da projeção de Selic]”, disse Caldas
Para Faricelli, o cenário pode fazer com quem empresas mais ligadas ao consumo doméstico piorem. Grandes bancos, inclusive, segundo ele, parecem estar baratos, “mas com uma série de riscos à frente”.