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Gestoras desmontam posição em Vale após queda do minério de ferro e caso Evergrande

30 set 2021, 20:15 - atualizado em 30 set 2021, 20:15
A Vale chegou a ser uma das principais posições do Encore Long Bias, mas o fundo optou por se desfazer das ações (Imagem: REUTERS/Washington Alves)

Com os preços do minério de ferro aparentemente em uma encruzilhada, uma das maiores produtoras globais da commodity está negociando em sua fase mais volátil desde os primeiros meses da pandemia.

Os esforços da China para reduzir a produção de aço, combinados com a turbulência no mercado imobiliário do país asiático, fizeram com que os futuros do minério de ferro perdessem metade de seu valor desde meados de julho, antes de recuperar algum terreno.

As ações da Vale (VALE3) seguiram um caminho semelhante, com a volatilidade de 30 dias do papel atingindo seu maior nível desde junho de 2020. Isso reflete as incertezas sobre os próximos movimentos da commodity.

A Pacífico Gestão de Recursos já vinha reduzindo sua exposição à mineradora ao longo dos últimos meses, e terminou de zerar a posição em meio a preocupações com o impacto da crise da incorporadora chinesa Evergrande sobre o mercado imobiliário local.

“A situação da Evergrande pode não ser um Lehman, mas deve ter algum efeito na demanda por aço”, disse Leonardo Rufino, gestor da Pacífico. “Não dá para ser firme em achar que chegamos a um piso.”

A Vale chegou a ser uma das principais posições do Encore Long Bias, mas o fundo optou por se desfazer das ações.

“O papel negocia a um múltiplo baixo, mas o fato é que o ciclo do minério virou”, disse João Braga, sócio-fundador da Encore Asset Management.

Do BofA ao UBS, diversas casas abandonaram recomendações equivalentes à compra para as ações, após o colapso do minério eliminar cerca de US$ 50 bilhões do valor de mercado da companhia.

Dez analistas monitorados pela Bloomberg revisaram para baixo suas projeções para o Ebitda de 2022 nas últimas quatro semanas, mais que o dobro do número de revisões para cima no mesmo período.

Na ponta mais otimista, o fundo Meraki Long Biased montou uma posição em Vale na última semana. Com o papel negociando a apenas 2,4 vezes o EV/Ebitda estimado, bem abaixo de seus principais pares, o risco-retorno se tornou mais atrativo na visão de alguns investidores.

“A visibilidade ainda é baixa, mas achamos que a assimetria de preços começa a ficar positiva”, disse Roberto Reis, diretor de investimentos da Meraki Capital.

Ainda assim, um quarto trimestre potencialmente turbulento para a atividade econômica chinesa pode levar a novas reduções de estimativas, segundo analistas do Bank of America.

Uma ação “visualmente” barata com revisão para baixo de lucros pode ser um “value trap”, escreveram analistas do BofA liderados por Jason Fairclough em relatório de 21 de setembro.