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Gestora Squadra reitera disparidade em ação do IRB Brasil; papel fecha em queda de 16,49%

10 fev 2020, 18:35 - atualizado em 10 fev 2020, 18:39
No começo da semana passada, as ações da empresa de resseguros desabaram reagindo a comentários da gestora (Imagem: Reprodução/YouTube IRB Brasil)

A Squadra Investimentos reiterou em carta a clientes enviada no domingo entendimento de que há uma grande disparidade entre preço e valor nas ações do IRB Brasil (IRBR3) “principalmente por uma percepção de parcela do mercado sobre a sustentabilidade dos seus elevados níveis de retorno sobre o capital”, o que voltava a pressionar as ações da companhia.

No começo da semana passada, as ações da empresa de resseguros desabaram reagindo a comentários da gestora, de que indícios apontam para lucros normalizados (recorrentes) significativamente inferiores aos lucros contábeis reportados nas demonstrações financeiras da companhia.

“Essa disparidade entre lucro contábil e lucro normalizado foi crescente durante o período e atingiu sua maior diferença nos resultados trimestrais mais recentes’, disse na ocasião, ponderando, contudo, não ver razões legais ou regulatórias para a divulgação de tais lucros de modo diferente.

Naquela ocasião, a IRB disse que sua performance financeira e seu ‘earnings power’ estão fielmente retratado nas referidas demonstrações contábeis que são elaboradas segundo as normas contábeis e atuariais vigentes no Brasil com absoluta precisão, passando por um rigoroso processo de governança.

“Explicamos apenas que houve ganhos que entendemos como ‘extraordinários’, ‘one-offs’ ou ‘não recorrentes’, bem como expusemos os fundamentos para os classificarmos de tal forma”, afirmou na correspondência aos cotistas no último domingo a Squadra, que tem sede no Rio de Janeiro.

A gestora também ressaltou que desde a carta aos cotistas de 2 de fevereiro as comunicações do IRB de que teve conhecimento vêm buscando confrontar a análise de outra forma (Imagem: Facebook)

A Squadra também questionou no texto da véspera os comentários feitos pelo IRB a respeito da análise, citando que executivos da companhia reuniram com analistas do ‘sell-side’ para rebater o estudo a gestora.

“Entendemos como apropriado que a companhia apresente suas considerações. Naturalmente, o IRB possui uma grande quantidade de informações e dados não públicos, os quais poderia vir a divulgar com vistas a refutar algum ponto específico levantado em nossa análise”, afirmou.

A gestora também ressaltou que desde a carta aos cotistas de 2 de fevereiro as comunicações do IRB de que teve conhecimento vêm buscando confrontar a análise de outra forma, a qual não julga correta. “Nos conference calls e na apresentação disponibilizada, a companhia e seus executivos têm afirmado que o estudo da Squadra contém ‘a lot of mistakes’ (muitos erros).”

“A Squadra não tem compromisso com o erro. Caso eventual nova informação invalidasse algum ponto abordado, não teríamos problema em revisar nosso entendimento… Todavia, com base nas comunicações a que tivemos acesso, não houve apresentação de nova informação que nos fizesse alterar nosso entendimento.”

Com isso, os papéis do IRB caíram 16,49%, a 33,01 reais, maior queda do Ibovespa, que fechou em queda de 1,05%. Desde a última segunda-feira, os papéis já acumulam desvalorização de cerca de 18%. O IRB divulga balanço trimestral e do ano de 2019 em 18 de fevereiro, após o fechamento do mercado.

Na carta do dia 2, a Squadra disse que o investimento vendido (short) nas ações do IRB se tornou uma de suas maiores posições. A construção da posição na companhia teve início em maio de 2018. Assim, os fundos da gestora se beneficiam de uma queda das ações, algo reafirmado na comunicação do domingo.