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Gestora GMO vê perda de interesse por títulos do Tesouro EUA

31 ago 2020, 14:09 - atualizado em 31 ago 2020, 14:09
Mercados
A GMO é conhecida por previsões pessimistas para os mercados, às vezes com tanta antecedência que seu desempenho foi prejudicado (Imagem: Pixabay)

A gestora americana de recursos GMO, do renomado Jeremy Grantham, diz que é hora de desistir dos títulos do Tesouro dos EUA, porque o juro zero forçará os investidores a considerar títulos corporativos de alto rendimento e dívida de mercados emergentes.

Títulos públicos que rendem quase nada perderam apelo a ponto de os investidores serem forçados a buscar alternativas, afirmou Ben Inker, da GMO, na carta trimestral aos investidores distribuída nesta segunda-feira.

Entre suas sugestões está a redução da alocação em ações de 60% para 50% e adição de 10% em dívidas mais arriscadas.

“Havia verdadeiro charme nos títulos do Tesouro”, disse Inker, o responsável por alocação de ativos da gestora, em entrevista. “Aquele pagamento seguro em tempos difíceis era algo muito valioso. E se não estiver ali, é preciso olhar para outras partes do universo de renda fixa.”

A GMO é conhecida por previsões pessimistas para os mercados, às vezes com tanta antecedência que seu desempenho foi prejudicado.

Este ano, a gestora reduziu a exposição a ações em maio, alertando para uma possível bolha. No entanto, o S&P 500 subiu 15% nos últimos três meses. Seu carro-chefe Benchmark-Free Allocation Fund perdeu 5,9% em 2020 e está em último lugar na categoria de fundos 60/40.

Os juros baixos — que devem permanecer assim por anos após a recente mudança de postura pelo banco central americano — significam que “faz sentido tomar mais risco de crédito em troca de maior rendimento”, disse Inker na entrevista.

Ainda que assumir dívidas de qualidade inferior na parte defensiva da carteira não seja ideal, Inker afirmou na carta que isso é inevitável diante dos juros baixos e dos riscos maiores embutidos agora nos títulos públicos.

“Os investidores fariam bem em pensar criticamente não apenas sobre o que suas carteiras de renda fixa podem realmente atingir adiante, mas também sobre as implicações para a quantidade de risco que têm condições de assumir no resto de suas carteiras”, escreveu ele.