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Gestora Encore, de João Braga, aposta em abordagem “quantamental” e mira R$ 5 bilhões

17 jan 2021, 10:00 - atualizado em 15 jan 2021, 10:27
Joao Luiz Braga, fundador da Encore Asset
(Imagem: Reprodução/YouTube)

João Braga ajudou a comandar um dos fundos de melhor desempenho no Brasil nos últimos cinco anos. Em sua nova gestora, a Encore Asset Management, ele quer repetir a dose.

Desta vez, Braga está apostando na abordagem “quantamental”, que combina análise de fundamentos de empresas com ferramentas quantitativas. A Encore contratou dois analistas quant para o desenvolvimento de algoritmos que possam auxiliar na tomada de decisão, de acordo com ele.

“É algo que ainda está engatinhando no Brasil, mas há muitas gestoras que fazem isso muito bem lá fora”, disse Braga, em entrevista. “Queremos criar um diferencial para os analistas.”

Ao redor do mundo, gestoras tradicionais têm recorrido a ferramentas quant, incluindo firmas como a Point72 Asset Management, de Steve Cohen, e a Third Point, de Dan Loeb.

No Brasil, a indústria de fundos tem atravessado um período de forte crescimento, mas estratégias quantitativas ainda representam uma fração relativamente pequena do mercado. Os multimercados registraram captação líquida de R$ 97,6 bilhões no ano passado, recorde da série histórica, atraindo muitos executivos a montar seu próprio negócio.

Braga, 40, é parte desse contingente. No ano passado, ele deixou o cargo de corresponsável por renda variável da XP Asset Management. Lá, ele ajudou a gerir o fundo XP Long Biased FIM, que bate cerca de 98% dos pares em uma janela de cinco anos, mesmo após registrar uma queda de 14% em 2020, sem conseguir se recuperar por completo do tombo de março, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Em meio à turbulência provocada pela pandemia, Braga chegou a pedir desculpas no Twitter e, em maio, deixou a XP Asset. A XP Inc. (XP) deve ajudar com distribuição, capital inicial do fundo e poderia eventualmente ter alguma participação na nova gestora no futuro, segundo Braga. A XP confirmou a informação.

A Encore vai lançar seus primeiros produtos nas próximas semanas, focando em ações de companhias brasileiras. A empresa terá um fundo long-biased e um fundo long-only, com capacidade inicial para gerir cerca de R$ 5 bilhões antes de fechar para captação, segundo Braga. A Encore deve começar com um time de cerca de 15 pessoas e tem Leonardo Costa, ex-Ace Capital, como diretor operacional.

Outros sócios incluem Alexandre Bagnoli, que foi sócio da Constellation Asset Management, Jéssica Bessa, ex-Kapitalo e Miles Capital, e Adelia Souza, com passagem pela equipe de análise da SPX Capital.

Braga, que fala sobre economia comportamental com o mesmo entusiasmo de quando cita sua paixão pelos Beatles, está otimista com o cenário para as ações brasileiras. Ele argumenta que, apesar de todos os riscos — que vão da incerteza política até o cenário fiscal deteriorado –, há uma série de notícias positivas, incluindo o juro na mínima histórica, um número crescente de ofertas públicas iniciais de ações e o rali dos preços de commodities.

“O Brasil pode passar por uma onda boa, se as commodities continuarem o ciclo que está acontecendo, que a gente acha que é muito relevante”, disse Braga. “Esse mercado de hoje é muito bom e, aparentemente, por vários anos.”

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