Gestor sobre Petrobras (PETR4): Toda vez que ação derrete, compramos
A Petrobras (PETR4), que sofreu duro golpe durante a corrida eleitoral de 2022, parece que está ganhando a confiança dos mercados. Receios de investidores, como mudanças bruscas na política de preços dos combustíveis da estatal e investimentos pesados em energia verde, não se concretizaram.
No ano, o papel acumula alta de 32%, recuperando parte das perdas do ano passado. Só nesta semana, a ação saltou mais 10%, mesmo com a queda do preço do petróleo.
De quebra, a empresa ainda continua pagando polpudos dividendos, embora parte do mercado desconfie que a companhia possa derrubar a distribuição para 25%, o mínimo estabelecido por lei.
Para o gestor e fundador da GTI e um dos convidados do podcast Market Makers Rodrigo Glatt, porém, mexer na Petrobras não é uma tarefa tão simples, mesmo com as ameaças durante as eleições do ano passado.
“Esse risco da intervenção da política existe desde que a Petrobras foi fundada. Nós tivemos períodos em que houve uma defasagem enorme e, mais recentemente, desde que o Pedro Parente assumiu lá no governo Temer, nós temos flutuações mais pontuais. De forma geral, se seguiu essa política mais alinhada aos preços internacionais”, discorre
Em sua visão, há muitos ruídos, mas na prática, “na hora de mudar as coisas, não vimos nada de substancial”.
Ele recorda que acompanha a Petrobras há 30 anos e é normal que surjam ruídos sobre alterações na gestão da petroleira. Segundo Glatt, as mudanças dos preços dos combustíveis podem até ficar mais espaçadas, mas vão ocorrer, o governo queira ou não.
Ouça o episódio na íntegra:
Caiu, comprou?
Glatt diz que em alguns momentos deixou de reinvestir os dividendos da companhia na própria ação “sabendo que essa é uma volatilidade normal do papel”.
“E quando tem um ruído e uma queda de 6%, 10%, são nesses momentos que aproveitamos para comprar mais. A gente administra nesse yield (retorno) que ela está hoje e conseguimos fazer essa gestão um pouco mais ativa”.
Ele explica que a posição do fundo na Petrobras variou entre 7% a 12% nos últimos três anos.
Ouça o episódio na íntegra:
Petrobras pode piorar?
Segundo o gestor, a estatal pode até piorar de forma relevante, a depender das políticas adotadas pelo governo, mas continuará aumentando a sua produção de petróleo.
“Cada vez que ela aumenta a produção, você tem uma escala maior, a rentabilidade sobe. Cada poço tem 200, 300 mil barris, que é um negócio absolutamente impensável há 10 anos. O core na empresa, que a é a exploração, continua intacto e muito bem”, completa.
E como se não bastasse isso, os múltiplos da companhia estão atrativos, negociando a 2,5 vezes o preço sobre lucro (P/L).
“É um negócio que a gente nunca viu. Nem a Petrobras nos piores momentos negociava nesse nível. Estamos falando em um yield de mais de 30% se ela não fizer nada, se ela não crescesse a produção, é um yield que já aceita muito desaforo, se pegar o múltiplo histórico dela deveria estar a 6 vezes o lucro”, coloca.
Glatt argumenta que o atual preço da ação já embute o temor de intervenção do governo, que vem desde a época dos governos Temer e Bolsonaro.