Gestor brasileiro é preso pelo FBI por fraude bancária
O gestor de fundos brasileiro Marcos Eduardo Elias foi preso na Suíça em junho e extraditado aos Estados Unidos na semana passada por ser acusado de participar de um esquema para obter fraudulentamente mais de US$ 750 mil em bancos sediados em Manhattan usando falsas representações e identidades roubadas de correntistas brasileiros, mostra um documento divulgado pelo Departamento de Justiça dos EUA.
Segundo o procurador de Manhattan Geoffrey S. Berman, o esquema descoberto era “sofisticado” e envolvia uma empresa de fachada no Panamá e uma conta bancária em Luxemburgo. O diretor assistente do FBI William F. Sweeney Jr. explica que Elias, fingindo ser funcionário do titular da conta, o suspeito supostamente roubou centenas de milhares de dólares que não lhe pertenciam. “Ele agora foi trazido de volta aos Estados Unidos para enfrentar a justiça e devolver o dinheiro que roubou ”, destaca.
O esquema
A investigação começou em 2015 quando o FBI recebeu da corretora Jefferies uma denúncia de que US$ 752 mil haviam sido roubados de uma conta mantida pela empresa Zaffari, em grande parte propriedade de membros da família dona do conglomerado varejista.
O FBI descobriu que, em julho de 2014, um e-mail enviado por um funcionário identificado como Paulo Renato Zaffari continha instruções de transferência bancária fraudulenta para uma conta em nome de Zaffari Com.Ind.Corp no Banque Hapoalim (Luxemburgo).
Além disso, um vice-presidente da empresa, Evandro dos Reis – amigo de infância de Elias -, era o principal contato com a pessoa que se passava por Paulo Zaffari. Dos Reis estaria em contato regular com Marcos Elias. Os investigadores, então, foram atrás das contas de e-mail dos dois no Gmail e na Apple.
Eles descobriram que Dos Reis enviou informações confidenciais para Elias sobre a Zaffari e que a conta de gmail do funcionário fantasma teria sido criada apenas para enviar os dados para a transferência bancária. Os dois teriam tentado ainda localizar outras contas no Morgan Stanley, em Miami.
O FBI também descobriu que o único beneficiário da conta em Luxemburgo, que recebeu os fundos roubados, era Marcos Elias. O funcionário do Zaffari, Paulo Renato, disse ao FBI que não autorizou as transferências.
Marcos Elias, alegando não reconhecer a conta de e-mail cuja titularidade lhe é atribuída, pediu no início de agosto uma liminar à 5ª Vara Cível do Foro Central de São Paulo, para que o Google fornecesse todos os dados a ela relacionados. Antes de apreciar o pedido, o Juiz responsável, Dr. Gustavo Coube de Carvalho, optou por ouvir a Embaixada Americana no Brasil.
Procurada, a defesa de Elias não estava imediatamente disponível para conversar com a reportagem.