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Gestão do negócio de etanol diferencia balanços das usinas. Uma vendeu na hora certa, as outras não

15 fev 2023, 10:40 - atualizado em 15 fev 2023, 11:36
Etanol em crise limou resultados de Raízen, São Martinho, menos os da Jalles Machado (Imagem: Pixabay)

A maior clareza das diferenças de resultados das companhias de bioenergia, entre Jalles Machado (JALL3), São Martinho (SMTO3) e Raízen (RAIZ4), está nos seus próprios reportes se comparados com a situação conjuntural do setor no último trimestre de 2022, de perda da competitividade acentuada do etanol que pode se reproduzir nos trimestres seguintes se não for revertida sua desvantagem tributária.

Referentes aos balanços do anos-safra 22/23 (ao final do texto), o 3T23, o da Jalles veio bem superior ao mesmo período correspondente à safra anterior, enquanto os dos dois grupos seguintes, mais musculosos e tradicionais, vieram abaixo. O da Cosan (CSAN3), que corresponderá ao 4T22, poderá se igualar ao apurado pela sua controlada, a Raízen, e da São Martinho.

Em resumo, é que as operações com etanol mostraram uma gestão diferenciada, apesar de que todas as empresas do setor tenham sido atingidas numa sequência conjuntural que já vinha ruim desde julho, quando a gasolina passou a ter maior vantagem tarifária com a isenção dos impostos federais (revalidada até 28 de fevereiro) e equalização de um teto de 18% de ICMS entre todos os estados.

Inclusive a goiana Jalles também poderia ter alcançado um lucro líquido até maior do que foi apurado de outubro a dezembro – tanto que algumas análises torceram o nariz para isso, como a da XP -, mas com a diferença que o grupo optou por acelerar as vendas do biocombustível

Antes, por exemplo, que os preços atingissem praticamente o custo de produção do litro, como aconteceu no segundo semestre de 2022, que teria pressionado mais perigosamente a comercialização, a empresa despejou maior quantidade de biocombustível no mercado.

“Uma acelerou as vendas no momento certo e a outra segurou”, confirmou o consultor Alexandre Figliolino, da MB Agro. No caso da “segunda” é em referência à São Martinho, já que o balanço da Raízen do 3T23 foi divulgado na terça a noite, porém dentro da mesma lógica.

Pontos adicionais ao conjunto de dados entre todas são certamente as operações com o açúcar. Na medida em que o etanol cedia maior vantagem à gasolina, o açúcar também melhorou sua margem em Nova York.

A Jalles certamente se aproveitou melhor, levando ainda em consideração que uma boa parte de sua produção é de açúcar orgânico, cuja premiação foi crescendo sobre a valorização do açúcar branco.

E das lavouras de cana, há que ser destacado as “produtividades diferentes, a começar pela Jalles que tem irrigação [conseguiu suportar melhor a seca de 2021, trazendo uma cana melhor para 2022] e uma área bem menor para cuidar bem”, complementa Figliolino, ex-diretor de agronegócio do Itaú BBA.

B3

A JALL3 vem de duas baixas, mas suportou melhor a pressão dos investidores, e ontem caiu 1,34%, a R$ 7,38.

SMTO3 foi a mais castigada, como a RAIZ4, esta ainda antes de distribuir seu balanço.

Respectivamente, foi descontada em 4,76%, fechando em R$ 26,61, e RAIZ4 derreteu 7,45%, a R$ 2,98.

Esta última ação é a forte candidata a se desvalorizar mais nesta quarta (15).

O básico dos balanços

A Jalles Machado registrou lucro líquido de R$ 450,9 milhões, resultado 166% superior ao 3T22, e a geração de caixa foi de R$ 313,5 milhões. Esse Ebitda ajustado teve alta de 7,5%.

Pelo lados da São Martinho, com operações em São Paulo e Goiás, o lucro limpo foi de R$ 429,7 milhões, 38,3% inferior ao mesmo período da safra 21/22. A queda do Ebitda atingiu 13,2%, para a R$ 774,9 milhões.

A joint venture entre Cosan e Shell foi a que apresentou menor lucro líquido, R$ 256 milhões, e a maior baixa no comparativo anual, de 79%. No Ebitda de R$ 2,96 bilhões da Raízen, o encolhimento foi de 11,8%.

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