Geradores podem ser afetados por garantia física da Eletrobras na capitalização, diz Engie
A Engie Brasil (EGIE3) Energia e outros geradores hidrelétricos poderão ser afetados pelo cálculo das garantias físicas das usinas da Eletrobras (ELET3)(ELET6) realizado para o processo de privatização da estatal, disse nesta sexta-feira o presidente da Engie Brasil, Eduardo Sattamini.
Segundo executivos da Engie, os dados de entrada que foram utilizados para o cálculo do parâmetro não consideraram os anos de 2020 e 2021, período de crise hídrica.
Como a garantia física serve como uma métrica comercial, usar dados defasados significa que a Eletrobras teria mais energia para vender, mas, na prática, menos capacidade de entregar.
Com isso, sairiam prejudicados os demais participantes do Mecanismo de Realocação de Energia (MRE) –o “condomínio” das hidrelétricas, em que a maior produção de algumas usinas compensa um resultado eventualmente inferior de outras.
A companhia está em conversas com o Ministério de Minas e Energia e associações de classe para tentar solucionar essa questão.
“Acreditamos que isso ainda é possível sem comprometer o processo de capitalização”, disse Marcos Keller, diretor de regulação e mercado da Engie Brasil, durante evento com investidores.
“Num cenário em que isso não seja feito, tem que ter outra forma de mitigar o dano para os agentes do MRE.”
De acordo com o presidente da Engie, o estudo das garantias físicas da Eletrobras não foi realizado com dados mais atualizados porque a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) não tinha homologado os dados de hidrologia mais recentes.
“Acho que o governo tem total entendimento de que ele precisa fazer essa modificação. Inclusive, o TCU recomenda que esse recálculo seja feito com dados mais atualizados”, disse Sattamini, no mesmo evento.