George Wachsmann: A nossa safra de jabuticabas veio amarga
Bom dia, pessoal!
O dia foi de otimismo para os mercados ontem (20), em especial para as Bolsas americanas, que bateram recordes no fechamento.
O Brasil, por outro lado, aguardando o parecer do Comitê de Política Monetária (Copom) e pressionado pela possibilidade de falta de insumos para a produção de vacinas, o repique de casos de coronavírus e o risco fiscal, entregou performance negativa.
Em tese, com uma agenda mais leve, deveríamos seguir o bom humor internacional, mas diante dos riscos idiossincráticos nacionais, não temos escolha a não ser optar por cautela adicional. É o Brasil tendo que lidar com uma safra particularmente amarga de jabuticabas. A ver…
Falcão de Guerra
Em comunicado mais duro, usualmente chamado de “hawkish”, o Banco Central brasileiro matou a política de “forward guidance” (orientação futura), na qual ele trabalhava as expectativas no intuito de inserir a noção de uma taxa de juros baixa por mais tempo. Apesar de nossa brincadeira, entendemos que o comunicado veio acertado.
Como diria Soros ou até Taleb, “se errar, erre rápido”. Agora, o câmbio, que vinha pressionando a inflação, poderá se acomodar um pouco, acalmando o juro longo.
Imagine o seguinte: se há pressão inflacionária hoje e o BC estabelece que não subirá a taxa de juros agora, então precisará subir juros depois, empinando a curva.
A decisão veio com a esperada manutenção da taxa de juros de 2% ao ano.
Veja, a saída do mecanismo não implica em um aumento direto do juro ou uma alteração do gradualismo com o qual BC vinha tratando suas movimentações (a autoridade deixou claro que não haverá alta iminente da Selic), apenas prepara o mercado para uma eventual subida da taxa, por mais marginal que seja — vale lembrar que ainda estamos na mínima histórica de taxa de juros e a conjuntura econômica continua a prescrever estímulos.
Quadragésimo sexto
Com a alta de ontem e Bolsas batendo recorde, Biden conquistou para si a maior alta de Bolsa já registrada em paralelo a uma posse presidencial.
Além disso, como comentamos anteriormente, devido à alta de ontem, registramos também o maior rali das Bolsas no período que transcorre da eleição até a inauguração presidencial em si, uma vez que Biden ultrapassou Hoover (a comparação em si é injusta porque houve mais tempo entre a eleição e a posse do republicano em 1929).
Não houve ruído de violência política na capital americana, temor que alguns agentes sinalizavam.
Enquanto isso, Biden aproveitou suas primeiras horas no cargo para assinar mais de dez decretos (ordens executivas), que, apesar de traçarem um tom mais simbólico em alguns casos, direcionam o governo para o definitivo fim da era Trump (não precisaremos mais nos preocupar com um tweet enviado de madrugada).
Entre as medidas, destaque para o restabelecimento dos EUA no Acordo Climático de Paris — apesar de não haver impacto imediato no mercado, o movimento enfatiza a importância do investimento sustentável na década.
E lá de volta outra vez
Ele voltou. O retorno de Jack Ma aliviou uma pressão que havia sido colocada sobre as ações da Alibaba há algum tempo.
O executivo não fazia nenhuma aparição pública desde 24 de outubro, mas os rumores de que algo poderia ter acontecido com ele se esvaíram quando Ma se dirigiu a professores em uma cerimônia online da iniciativa anual de professores rurais.
Ma falou de uma sala com paredes cinza, uma grande pintura e arranjos florais, nada parecido com uma prisão — o que teve de teoria da conspiração por aí não é brincadeira (aliás, ninguém gosta de brincar quando se trata do governo chinês). O vídeo teve apenas 50 segundos, mas foi suficiente para lançar as ações do gigante do comércio eletrônico para o espaço. Nosso Tech Asia agradece.
Anote aí!
Em dia de agenda leve no Brasil, as Bolsas abriram em alta na Europa com a expectativa pela reunião do Banco Central Europeu (BCE) — não deverá haver surpresas.
O evento, assim como a coletiva da presidente Lagarde, dirigente da instituição, tem presença para afetar o câmbio no âmbito global, ainda que deva prevalecer, pelo menos contra a moeda brasileira, a digestão do Copom de ontem e a continuidade do expansionismo fiscal e monetário americano, que deverá se aprofundar com Biden, ensejando um dólar mais fraco no mundo.
Por sinal, nos EUA (futuros subindo agora pela manhã), teremos os pedidos iniciais de auxílio-desemprego. Assim como em outros mercados de trabalho, a dicotomia entre áreas de forte emprego (bens de consumo duráveis) e áreas em declínio estrutural (partes do varejo) deverá se manter.
Há também um terceiro elemento na equação: o de fraqueza com esperança de recuperação, como o setor de restaurantes. Os segmentos mais afetados, vale ressaltar, provavelmente enfrentarão uma crise estrutural, não cíclica.
Muda o que na minha vida?
O otimismo com o fim da pandemia e o apoio de governos e bancos centrais resgataram o mercado de ações no final da era Trump. Agora, os investidores verão se esses ganhos podem ser mantidos sob Joe Biden, que tomou posse como 46º presidente dos EUA.
Vale lembrar que as ações dispararam após os cortes de impostos de Trump em 2017, sobrecarregaram os lucros corporativos e, em seguida, despencaram em velocidade recorde quando a Covid-19 começou. Desde então, no entanto, as Bolsas têm subido rapidamente, renovando máximas sequencialmente. Nem a profunda polarização política nem o agravamento da pandemia foram suficientes para conter Wall Street.
Ainda assim, apesar dessa forte recuperação, durante o governo do presidente Donald Trump, as Bolsas não tiveram um desempenho tão bom quanto durante os primeiros mandatos dos presidentes Bill Clinton ou Barack Obama. Adicionalmente, alguns dos aumentos recentes podem ser atribuídos à vitória de Biden, que os investidores acreditam que gerará gastos governamentais substanciais para impulsionar a economia — não à toa, temos a melhor performance pós-eleições da modernidade.
O temor, porém, é de que o mercado de ações tenha se recuperado muito e rápido demais e que haja sinais de excesso começando a surgir em partes do sistema financeiro. Devemos deixar claro, contudo, que, apesar de haver possibilidade de correções um pouco mais abrutas no ano (até 10% em relação ao pico), a vacinação, o crescimento econômico e a injeção de liquidez pelos bancos centrais e pelos governos deverão bastar para evitar um colapso dos mercados. O Brasil seguirá nesse compasso, lidando paralelamente com seus próprios problemas.
Fique de olho!
As ações da Netflix estão voando. E isso pode ser ótimo para os seus investimentos, caso você tenha capital alocado no Tech Select.
E a gente te diz isso porque ontem, antes da abertura dos mercados, a Netflix apontava uma valorização de seus papéis em 13%, devido à explosão de assinantes em sua plataforma, que agora ultrapassa a marca de 200 milhões.
Para que você tenha uma noção um pouco melhor do que isso significa, dentro do Tech Select a companhia representa, atualmente, um total de 10.8% da carteira.
Quem investe no fundo está vivendo um momento de bastante contentamento com esses resultados.
É claro que os feitos do passado não garantem resultados futuros, mas temos visto um horizonte bastante positivo para as ações da companhia que, até o momento em que a gente escreve esta publicação, apresentam uma valorização de 18,44% para os últimos cinco dias.
Dá só uma olhada:
Como você pode perceber, estamos bastante positivos em relação ao futuro da Netflix, acreditamos muito em seu potencial. É por isso que gostaríamos de te convidar para fazer parte do Tech Select também, caso ele faça sentido para o seu perfil de investimento.
Para isso, leia o racional completo do fundo clicando no botão abaixo. Se você estiver de acordo com a estratégia, a partir de R$ 5.000 você pode começar hoje mesmo a se expor a essa tese.
Um abraço,
Jojo Wachsmann