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Geadas atingem Sul do Brasil; frio intenso ameaça lavouras nos próximos dias

28 jul 2021, 16:28 - atualizado em 28 jul 2021, 16:28
Cana-de-açúcar Agronegócio
No próximo mês é outra história”, alertou ele, ressaltando sobre o risco caso este cenário permaneça em agosto (Imagem: REUTERS/Aly Song)

A massa de ar polar que atingiu o Brasil trouxe geadas para áreas da região Sul nesta quarta-feira, ainda com efeitos limitados para as lavouras, mas o frio excessivo que deve vir até sexta-feira, avançando para áreas do Sudeste, ameaça causar novos danos a culturas como café e cana-de-açúcar, segundo especialistas.

“O congelamento após as chuvas leves da zona frontal no Paraná/São Paulo pode causar danos adicionais aos cafezais”, disse Marcin Gorski, analista climático da Refinitiv, citando possível impacto de novas geadas nesta semana.

Nesta quarta-feira, já houve registro de geadas no norte do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina e no sul e leste do Paraná, disse o agrometeorologista da Rural Clima, Marco Antonio dos Santos, em boletim.

Nestes Estados, apenas o Paraná tem alguma relevância para a produção nacional de café, ainda que sendo um produtor menor dessa commodity no Brasil. Mas há preocupações com o trigo, embora somente uma parte do cereal esteja em fase passível de sofrer perdas de produtividade pelo frio.

No Paraná, principal produtor de trigo do país, as plantações atingidas por geadas nesta quarta-feira estão mais atrasadas e, portanto, escaparam de danos mais graves, disse o analista do Departamento de Economia Rural (Deral) Carlos Hugo Godinho. Mas a preocupação é com o evento de quinta-feira.

“A questão é a geada de amanhã, que é prevista bem mais forte, para todo o Estado. Independente do que aconteceu com essa geada de hoje, amanhã que é o dia definitivo”, disse ele.

No Rio Grande do Sul, segundo produtor de trigo do país, cerca de 80% dessa cultura não está em fase sujeita a quebra pelo frio, disse o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), Paulo Pires.

Segundo ele, geadas nesta época são consideradas “normais” para o Estado.

“No próximo mês é outra história”, alertou ele, ressaltando sobre o risco caso este cenário permaneça em agosto.

O milho, seriamente atingido pelas geadas do final de junho, está em sua maioria perto de ser colhido no Paraná, e apenas uma menor parte está em fase de sofrer perdas ainda.

Gorski, da Refinitiv, concorda que a geada provavelmente terá um efeito menor sobre a produção nacional da segunda safra de milho, considerando o andamento da colheita e da produção paranaense.

“Embora a extensão dos possíveis danos do milho permaneça desconhecida no momento, as lavouras locais que não atingiram a maturidade total nesta região serão afetadas.”

Segundo a Rural Clima, a massa de ar polar ganhará força e conseguirá avançar ao norte do Paraná, e o sul e oeste de São Paulo na quinta-feira.

Com isso, Santos acredita que a tendência é de que as temperaturas fiquem ainda mais baixas no período da manhã, ocasionando geadas amplas do Rio Grande do Sul ao Mato Grosso do Sul, passando por áreas paulistas.

“Na sexta-feira, com o tempo aberto, a massa de ar polar ganhará ainda mais força e atingirá áreas de café, cana, hortaliças, laranja em São Paulo e Minas Gerais”, estimou.

Na semana passada, o café foi fortemente atingido por geadas que chegaram a prejudicar cerca de 11% das áreas da variedade arábica no país, cultivado principalmente no cinturão localizado entre Minas Gerais e São Paulo.

O problema pode fazer com que a recuperação dos cafezais se estenda por anos, gerando grandes temores no mercado internacional, com disparada nos preços do arábica cotado em Nova York.

“Há possibilidade e risco para temperaturas muito baixas também no sul de Goiás, Triângulo Mineiro e extremo sul de Mato Grosso”, acrescentou o agrometeorologista.

Colheita

Em uma previsão um pouco mais estendida, Santos espera que o frio extremo permaneça na primeira semana de agosto, o que pode dificultar a secagem do milho segunda safra.

“Isso pode até atrapalhar a colheita do milho por conta da umidade relativa.”

A colheita da “safrinha” do cereal caminha a passos lentos em alguns dos principais Estados produtores, como o Paraná, em função do forte atraso no plantio e problemas climáticos durante o desenvolvimento das plantas.

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