Comportamento atual do investidor abre boas oportunidades no Value Investing; veja 3 exemplos de ações
Mesmo com as empresas apresentando níveis recordes de receita, o ambiente macroeconômico está afastando os investidores da renda variável já há algum tempo.
A seriedade da deterioração do ambiente macro com o agravamento das contas fiscais exige que o governo tome medidas urgentes para conter o déficit fiscal. Esta incerteza impacta diretamente na taxa de juros e faz com que os investidores deixem o mercado acionário de lado.
Após a última alta da Selic, para 11,25% ao ano, as perspectivas de mercado, segundo o boletim Focus, são de que a taxa de juros seja elevada para 11,75% ao ano até dezembro e continue elevada em 2025.
Mas, ao mesmo tempo, a possibilidade de estouro da meta de inflação diante dos gastos desenfreados pelo governo, eleva a pressão para um aumento ainda mais forte da taxa.
Diante desse quadro, os investidores fogem do mercado acionário, apesar de muitas empresas estarem apresentando margens favoráveis e até com estratégia de expansão internacional relevante, o que as deixa cada vez menos suscetíveis ao cenário volátil brasileiro.
Para se ter uma ideia, os fundos de pensão estão com a menor alocação em renda variável dos últimos 15 anos.
O comportamento atual do investidor, na realidade, abre boas oportunidades para o Value Investing, estratégia de investimento em que se adquire ações por um preço abaixo do seu valor intrínseco.
Claro que aqui estamos falando de empresas com bons fundamentos e que estão demonstrando isso nesta temporada de divulgação de resultados, pois as ações tendem a valorizar no longo prazo, conforme a empresa cresce e seu patrimônio aumenta.
Exemplos
Um exemplo é o banco Itaú (ITUB4), que divulgou um trimestre forte, com lucro líquido ajustado de R$ 10,7 bilhões (ROE de 22,7%), um crescimento de 6% em relação ao trimestre anterior e de 18% em relação ao ano passado, superando as expectativas do mercado em 3%.
Outro destaque é a Valid (VLID3). A empresa de segurança digital e física, conta com caixa líquido, crescimento, pouca dívida, receita em parte com hedge e um produto super importante relacionado a documentação e que todos os governos precisam.
Com um Capex bem organizado e uma robusta pagadora de dividendos, a Valid foi uma das empresas destaque no Trópico Value FIA, pois compramos a preço próximo a R$ 13 e já obtivemos um retorno de quase 100%.
A Bemobi (BMOB3), especializada na distribuição de serviços digitais, também apresentou um bom resultado, crescendo em todas as linhas de negócios, com conversão de EBITDA para caixa na casa dos 73% e posição de caixa de mais de R$ 600 milhões.
A companhia segue com programa de recompra aberto, dividendos e aquisições à frente, além de ter iniciado a expansão internacional.
Além disso, mantém o crescimento de 15% ao ano com muito caixa, dívida baixa e oportunidades futuras nos meios de pagamento. Por esse motivo, mantemos posição relevante em nosso fundo há bom tempo.
Na estratégia Value Investing buscamos alocar o capital em empresas bem protegidas e que consigam passar por momentos como o atual sem muito sofrimento.
Gestores que atuam assim oferecem ao mercado fundos que exibem menor volatilidade e melhor performance no longo prazo, além de exibirem maior retorno frente ao Ibovespa.
A fórmula, entretanto, não é fácil. É preciso se posicionar nas ações antes de sair o resultado, antes de o mercado todo saber. As compras devem ser feitas naquele momento ruim, de pânico, quando a maioria acredita que o país vai quebrar e todo mundo vai perder tudo.
Investir em empresas é uma atividade contracíclica e com um efeito avassalador de juros compostos no tempo. É quando está tudo ruim que se compram boas empresas.
Não é por acaso que 3% das pessoas do mundo detêm 85% de toda riqueza. Para quem gosta de empresas, o cenário conturbado é um prato cheio para se investir em vários bons negócios e sentar em cima.
Mas sabemos que quase ninguém faz isto.
Assim, só nos resta aguardar.