Gastos dispensáveis, não são tão dispensáveis assim: Como controlar o impulso consumista?
Gastos com entretenimento e lazer, muitas vezes, são vistos como gastos dispensáveis. Contudo, as categorias são cada vez mais necessárias e indispensáveis para a saúde mental e pro equilíbrio emocional, disse Robson Gonçalves, professor de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Em entrevista ao Money Times, o professor destacou que, quando fazemos economias, é preciso encontrar um equilíbrio entre as reservas e as atividades aparentemente dispensáveis, mas que são fundamentais hoje em dia.
Gonçalves pontua que, sem dúvida, todos deveriam ter reservas atualmente, pois existem eventualidades que podem fazer com que a gente pare de receber o nosso dinheiro, seja parando de trabalhar ou pelo surgimento de algum gasto inesperado.
“Uma forma de se proteger dessas situações, que é pouco difundida no Brasil, são os seguros. Hoje em dia, existe uma gama muito grande de seguros, com diversas coberturas, que tem um custo mensal, mas que nos deixa tranquilos, mesmo se não temos muito dinheiro guardado”.
95% dos gastos são emocionais
Gerald Zaltman, professor de Harvard, diz em seu livro How Customers Think: Essential Insights into the Mind of the Market, que 95% de nossa tomada de decisão de compra ocorre na mente subconsciente.
O professor da FGV destaca que, as escolhas mais comuns do dia-a-dia sempre terão aspectos emocionais.
“Não existe tomada de decisão invasiva ao emocional, o que a gente precisa é reconhecer isso, perceber que, eventualmente, está diante de uma prevalência emocional e não racional, para não se arrepender depois”.
De acordo com Gonçalves, o critério da economia comportamental para escolhas em geral, de compras ou não, é minimizar o arrependimento que vem depois.
Pessoas que se veem em constante ansiedade, frustação e estresse, são as mais suscetíveis a se arrepender de uma compra feita por impulso.
“É preciso monitorar esses estados, que são estados orgânicos, para que a prevalência do emocional não seja o determinante de compras. A emoção sempre estará ali, mas não precisa ser prevalente”.
Reconhecer os impulsos
Para controlar os impulsos, antes de mais nada, é preciso saber reconhecer esse estado. Gonçalves explica que é necessário se monitorar, para entender quando o processo de compra impulsiva começa, e quando nos domina.
“Sem o reconhecimento desses estados emocionais, nós não conseguimos ter um maior controle sobre ele. A ideia é que, qualquer consumidor, tome decisões autônomas. Quando tomamos uma decisão por impulso, na verdade, estamos sob influencia de outros”.
O educador explica que a influencia pode vir de variadas formas, seja do marketing, da compra que um vizinho fez ou de um processo que, no fim, é compensatório, como se você estivesse se compensando pelo fato de estar muito estressado, cansado ou ansioso, o que reduz a autonomia.
“Todas as vezes que a gente toma uma decisão com menos autonomia, existe a tendência a uma certa ‘depressão pós consumo’, onde passado o pico de endorfina, a pessoa se arrepende e se frustra por ter sido levada por aquela situação”.
O que fazer?
Gonçalves ensina que existe uma dica que funciona muito bem, sobretudo em compras online, que é a modalidade mais suscetível a nos capturar, no momento de cansaço, ansiedade ou frustração, que pode disparar um gatilho de compra, que leva a um arrependimento futuro.
A dica é: vasculhe o site, “namore” todos os produtos que você quer comprar, encha o carrinho, mas não encerre a compra, saia do site depois de ter feito isso, e desvie o seu foco para outra coisa.
De acordo com o professor, isso vai fazer com que aquele impulso de compra, se assente um pouco mais. Assim, toda a endorfina, que ajuda a disparar gatilhos de compra, já terá baixado na corrente sanguínea, e, quando você voltar a analisar o seu carrinho de compras, talvez você esteja menos propenso a comprar.
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