Combustíveis

Gasolina precisaria de mais 4% e não faltará etanol na entressafra, estima SCA Trading

06 jan 2020, 15:51 - atualizado em 06 jan 2020, 16:12
Gasolina precisaria de mais 4% de aumento e etanol tem folga para abastecer o consumo alto (Imagem: José Cruz/Agência Brasil)

A alta do petróleo até que está comportada nesta segunda (6), mas não está descartada a possibilidade de aumento na gasolina. O combustível acumula defasagem. E se o repasse da Petrobras (PETR4) fosse mais ou menos hoje e vigorasse até fim de março, não haverá falta de etanol pelo ganho de competitividade em plena entressafra.

As duas ligações foram feitas por Martinho Ono, CEO da SCA Trading, tentando responder as duas perguntas que o mercado de combustíveis em geral está se fazendo.

Sobre a gasolina, a avaliação de Ono é que levando em consideração a evolução do preço internacional, até que o barril do tipo Brent superasse os US$ 68 na sexta (3) – dia seguinte ao assassinato do general iraniano pelos Estados Unidos – mais o fator cambial, o aumento teria que ser de 4%.

A cotação na ICE Europe beira os US$ 68,85, com mais de 0,37% de alta ao redor das 15h52 (Brasília).

Jair Bolsonaro acendeu a possibilidade de repasse e diminui o tom nesta segunda, porém aquele percentual necessário, exatamente igual ao último aumento (27 de novembro), pode ser entendido como a defasagem de preços do combustível mineral.

Até final de setembro, o mercado entendia que a Petrobras estava segurando uma defasagem de 10% na gasolina, mas então vieram três aumentos.

“O câmbio chegou a cerca de R$ 4,20 ao final de novembro”, lembra o trader. No mesmo período, o barril em Londres já passava bem acima dos US$ 60, tanto quanto o WTI (referência nos Estados Unidos) também escalava.

Desde meio de dezembro o dólar recuou, hoje em torno do R$ 4,05, o que atenua um pouco a despesa com a importação FOB do petróleo, concorda Ono.

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Etanol

Havia também o alerta da possibilidade de descasamento do etanol disponível, especialmente o hidratado, que vinha com consumo elevado, batendo recordes de 2 bilhões/litros mensais no último trimestre, inclusive como Money Times apontou várias vezes.

Com a crise no Golfo podendo virar conflito grave, afetando o escoamento dos grandes exportadores da região, o tema entrou em pauta.

Mas, para o CEO da SCA, não há risco mais aparente. De acordo com ele, o consumo tende a cair para 1,7 bilhão de litros em janeiro (e um pouco mais acima em fevereiro), apenas pelo fator sazonal (férias, por exemplo), o que deixa mais confortável o balanço.

Desde novembro os agentes estavam trabalhando com estoques de hidratado no Centro-Sul em torno de 6,5 a 7 bilhões litros. Se a contas de Martinho Ono estão certas, agora haverá mais folga.

Se considerarmos a expectativa de 1,7 bilhão de litros este mês, se repetindo em fevereiro e março, o consumo passará um pouco dos 5 bilhões/l até que a safra de cana volte a todo vapor a partir de 1º de abril.

Lembra-se, ainda, que várias usinas devem antecipar o início da moagem no Centro-Sul para março.