Inflação

Gasolina pode ficar ainda mais cara este ano? Se depender do petróleo, sim; diz Banco Central

24 mar 2022, 13:50 - atualizado em 24 mar 2022, 13:50
Petrobras Combustíveis Gasolina continuará subindo em 2022, diz Banco Central
Combustível para a inflação: cenário continua negativo para derivados de petróleo, diz BC (Imagem: REUTERS/Max Rossi/File Photo)

O alto preço dos combustíveis é hoje uma das principais dores de cabeça do brasileiro. Segundo o último levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), preço médio do litro da gasolina no país é hoje de R$ 7,267.

A realidade nos Estados também é de uma gasolina comum acima dos R$ 7, com exceção do Rio Grande do Sul (R$ 6,975), São Paulo (R$ 6,867) e Amapá (R$ 6,279).

A Petrobras (PETR4) precisou anunciar no início do mês um aumento de quase 25% no preço do diesel e de 19% no valor da gasolina nas refinarias, na toada do aumento do barril do petróleo em todo mundo, reflexo da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Na ocasião, o petróleo tipo Brent ultrapassava os US$ 130, o que não acontecia desde 2008. Desde então o preço da commodity tem oscilando bastante, tendo chegado a operar abaixo dos US$ 100 uma semana depois do pico, e voltando a ultrapassar este valor pouco tempo depois.

A estabilização do barril gera muitas dúvidas, visto que o conflito no Leste Europeu ainda não dá sinalização da possibilidade de um cessar fogo. A invasão da Ucrânia completa um mês nesta quinta-feira (24), contrariando as expectativas iniciais dos especialistas, que acreditavam que o país comandado por Volodymyr Zelensky se renderia rapidamente.

Em seu Relatório de Inflação Trimestral divulgado na manhã de hoje (24), o Banco Central destacou que as variações no preço do petróleo têm grande influência sobre a inflação no Brasil, principalmente por meio do seu impacto sobre a gasolina, combustível com maior peso na cesta de consumo das famílias.

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Petróleo nas alturas e a gasolina também

No ano passado, os combustíveis contribuíram com um terço da alta de 10,06% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Além disso, as expressivas flutuações recentes do preço do petróleo já tiveram papel relevante na evolução da projeção de inflação do BC para 2022.

Segundo a instituição informou, se em 2021 os preços dos combustíveis já foram bastante sensíveis às variações do petróleo — ainda que os valores sejam compostos por diversos elementos —, em 2022 o impacto tenderá a ser ainda maior.

O BC destaca que essa “maior sensibilidade” da gasolina em relação à cotação do petróleo vem do fato de que o seu preço na refinaria  – o componente mais sensível à commodity  – é atualmente mais importante na estrutura de custos do que costumava ser.

No relatório trimestral, o BC também avalia que a influência do preço da commodity sobre os combustíveis vai ser ainda maior este ano não apenas pelo repasse do valor, mas também porque o peso da gasolina na cesta de consumo cresceu significativamente, de 4,9% para 6,6%.

Se em 2021 um aumento de 10% do preço do petróleo em moeda local tinha impacto de 0,20 a 0,27 p.p. no IPCA, o BC projeta que 2022 esse impacto deve estar em 2022 entre 0,31 e 0,43 p.p.