Gasolina defasada? Brasil está entre os preços mais baixos do mundo (e por que isso pode não ser bom)
As medidas tomadas pelo governo de Jair Bolsonaro para baixar o preço da gasolina e as reduções que a Petrobras (PETR3, PETR4) anunciou ao longo dos últimos meses, aliadas a uma redução no barril do petróleo no final do ano passado, fizeram efeito: o Brasil caiu no ranking global de preços do combustível.
Segundo dados da plataforma de monitoramento Global Petrol Prices, no dia 07 de agosto, o país ocupava a 121ª posição entre 168 país, com o litro da gasolina custando US$ 1,127, ante a média global de US$ 1,33. Em 27 de junho de 2022, o Brasil estava 93ª posição.
Com isso, o combustível no Brasil está mais barato que em países como Peru, México e Uruguai. Já Hong Kong segue como o local mais caro para abastecer o carro, com um custo de US$ 3,051 por litro. Em seguida, estão Islândia e Países Baixos, com US$ 2,329 e US$ 2,246, respectivamente.
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A Venezuela está em último lugar, com o litro custando US$ 0,04. No entanto, o site deixa claro que o valor não é o oficial. Para países que não fornecem os dados oficiais, a plataforma utiliza o último preço divulgado e ajusta de acordo com a taxa de câmbio corrente e as alterações do preço do petróleo em escala mundial.
Gasolina está defasada no Brasil?
No entanto, a posição do Brasil no ranking global pode não ser tão positiva assim.
Devido ao aumento no preço do barril de petróleo, a defasagem do preço da gasolina e diesel entraram em um patamar de 20% abaixo dos valores encontrados no mercado internacional – isso se a empresa não tivesse abandonado a política de preço de paridade de importação (PPI).
Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) da última sexta-feira (11), o litro da gasolina está R$ 0,80 mais barato do que o preço no mercado internacional. Já o litro do diesel precisaria subir R$ 1,18 para entrar a média.
Com isso, aumentou a pressão para a estatal elevar os preços em suas distribuidoras. Para o diretor do Centro Brasileira de Infraestrutura (CBIE), Pedro Rodrigues, a nova política de preços da Petrobras está afetando negativamente os balanços da companhia e trazendo prejuízo aos acionistas.
“Essa nova política de preços é refletida na queda da margem de refino [diferença da venda do derivado e do petróleo bruto]”, diz Rodrigues. Segundo ele, isso afeta diretamente o lucro da empresa, e já foi demonstrado no balanço da Petrobras do 2º trimestre, quando a empresa lucrou R$ 28 bilhões, 47% a menos do que o mesmo período do ano anterior.
No início do mês, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a sair em defesa em defesa da companhia.
“Às vezes a gente deixa se levar por um dia de turbulência, igual acontece com o petróleo. Toda a vez que a Arábia Saudita corta a produção, o preço sofre uma oscilação. E aí, as pessoas começam a especular sobre se a Petrobras vai aumentar o preço em virtude de uma semana que o petróleo teve e não deixam os preços se acomodarem”, disse em conversa com jornalistas.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, também já disse estar “confortável”com os atuais preços de combustíveis.