Combustíveis

Gás natural pode testar US$ 5 com primeira redução sazonal de estoques

21 nov 2018, 19:56 - atualizado em 21 nov 2018, 19:26

Por Barani Krishnan/Investing.com

As reservas de gás natural devem apresentar sua primeira redução na estação fria dos EUA, quando o governo norte-americano divulgar o relatório de estoque semanal previsto para hoje, ao meio-dia (horário local). Além de marcar o início não oficial do inverno, esse evento geralmente gera pouca repercussão. Dito isso, o ano de 2018 tem sido incomum para o gás natural, e essa diminuição também pode trazer suas próprias consequências.

Com variações diárias de preço de até 19%, os futuros de gás natural na Bolsa Mercantil de Nova York voltaram ao seu lendário “Velho Oeste” de faturamento das commodities, em vista da intensa volatilidade dos preços na semana passada.

Gás Natural Gráfico Semanal

Agora, pela primeira vez em cerca de cinco anos, o contrato de gás natural com vencimento em dezembro na NYMEX pode testar a importante marca de US$ 5, à medida que as reservas do combustível começam a ser retiradas de cavernas subterrâneas para atender a demanda de energia para aquecimento.

As reservas de inverno são as menores em 15 anos

De fato, o gás de dezembro variou menos de 10 centavos desde que alcançou aquele patamar, quando atingiu US$ 4,929 por milhão de unidades térmicas britânicas (mmBtu) há uma semana. Com as reservas de gás pré-inverno do Hemisfério Norte em seus menores níveis em 15 anos, são grandes as apostas de que o valor de US$ 5 por mmBtu será alcançado em breve.

Mas também há especulações de que, quando aquele “número mágico” for alcançado, os preços podem reverter sua direção e despencar – a menos que, claro, haja um clima suficientemente frio e uma demanda de aquecimento proporcional.

Dan Myers, analista de gás natural da Gelber & Associates, de Houston, declarou:

“Após esse relatório de estoques e o feriado de Ação de Graças, o mercado procurará definir um preço justo para o gás neste inverno. Mas, nesse ínterim, é possível que haja um teste de US$ 5 e depois uma volta para valores abaixo de US$ 4.”

“Muito peso” atribuído ao relatório de estoques de quinta-feira

Energy Information Administration (EIA), dos EUA, deve divulgar o relatório de oferta e demanda do gás natural para a semana finalizada em 16, ao meio-dia, horário local (17 h GMT).

Myers declarou que “muito peso” estava sendo dado ao relatório de estoques depois da chegada adiantada do clima frio, o que foi visto como um teste de demanda de aquecimento para o ciclo oficial do inverno do Hemisfério Norte, que começa exatamente daqui a um mês. Ele prevê que a retirada inicial da estação será de 105 bilhões de pés cúbicos – cerca de 80 bpc maior do que a retirada média de estoque em cinco anos neste mesmo período do ano.

Outros analistas da indústria esperam uma retirada de 109 bpc, declarou a Reuters, segundo a qual essa seria a mais precoce diminuição de três dígitos no estoque já registrada em novembro, com base nos dados federais de energia desde 1994. A Reuters também informou que houve 173 graus-dia (GD) de aquecimento (GD) na semana passada, em comparação com os 129 GD na mesma semana do ano passado e uma média de 30 anos de 110 GD para o período.

O método graus-dia de aquecimento mede o número de graus que a temperatura média de um dia fica abaixo de 18º C. A medida é usada para estimar a demanda de aquecimento de empresas e residências.

Expectativa de demanda de aquecimento acima do normal

Dominick Chirichella, do Instituto de Gestão Energética de Nova York, afirmou:

“As temperaturas frias persistem no Leste do país e nas áreas com alta demanda de gás natural. A previsão de demanda de gás natural relacionada a aquecimento ficará acima do normal para esta época do ano”.

Atualmente, o volume de gás em estoque é de 3,25 trilhões de pés cúbicos, e uma retirada de 109 bpc deixaria os estoques em seus menores níveis desde 2003, ou seja, cerca de 16% abaixo da média de 5 anos, segundo os dados. O mercado de gás natural tem sido um dos mais imprevisíveis neste ano, em razão das suas peculiaridades de oferta e demanda.

Recentes ganhos do gás vieram à custa do petróleo

Enormes volumes de gás, extraídos principalmente de perfurações, mas também, de forma secundária, durante perfurações para extração de petróleo de xisto, geraram uma produção recorde do combustível – não muito diferente da situação do petróleo. Apesar dessa extraordinária produção, os níveis de estoque de gás nunca chegaram ao risco de excesso, graças primeiramente ao forte calor do verão e, agora, ao frio que chegou mais cedo, mantendo os equipamentos de ar-condicionado e aquecimento em potência máxima.

Mas, ao contrário dos preços do petróleo, que inicialmente atingiram as máximas de quatro anos e depois sofreram a mais prolongada queda da história, o gás natural tem tudo para ser a melhor commodity de 2018, com um ganho acumulado de 55% no ano. Traders também disseram que alguns dos últimos ganhos do gás ocorreram à custa do petróleo, já que hedge funds abriram posições de venda em petróleo e de compra em gás.

E, como faltam mais três meses e meio para o ciclo do clima frio, o caminho mais fácil parecer ser o de patamares mais baixos.

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