Gargalos globais atrasam transporte marítimo de contêineres
O transporte marítimo de contêineres, a espinha dorsal do sistema de comércio global, dá sinais de fadiga com a piora da pandemia.
Armadores, que registraram os maiores lucros em pelo menos uma década, enfrentam desafios para operar de forma confiável com gargalos em portos do sul da Inglaterra a Xangai, que desestabilizam as cadeias de suprimento de diversos produtos, como autopeças, cosméticos e equipamentos médicos.
Apenas 50,1% dos navios porta-contêineres chegaram no prazo em novembro em relação a 80% no mesmo período do ano passado. É o nível mais baixo registrado desde 2011, de acordo com um índice de confiabilidade de serviços compilado pela Sea-Intelligence, de Copenhague. Da Ásia à América do Norte, chegadas dentro do prazo caíram para menos de 30%, menos da metade da média global de longo prazo.
Atrasos podem aumentar custos, causar problemas operacionais e limitar a receita de empresas que enviam cargas, como a Costco Wholesale. A rede com sede em Issaquah, Washington, com 803 lojas em quatro continentes, estima que a situação de escassez de contêineres e atrasos nas entregas persista por mais alguns meses.
“Há casos de aumentos de 50%, 100% ou até mais das vendas de um item e, se pudéssemos adquirir mais, teríamos vendas ainda maiores”, disse Richard Galanti, diretor financeiro da Costco, em teleconferência no início deste mês. “Estamos administrando isso e não esperamos alívio antes de março de 2021.”
Com o congestionamento subindo lentamente desde setembro, o principal canal de comércio entre a China e os EUA ainda está obstruído. Quase 20 navios porta-contêineres estavam ancorados na costa da Califórnia no fim de semana à espera para descarregar em Los Angeles e Long Beach, em relação a cerca de 12 no final de novembro. O porto de Los Angeles espera movimentar nesta semana 152 mil contêineres que chegaram, um aumento de 94% em relação à mesma semana do ano anterior.
Alan Murphy, CEO da provedora de dados e análise Sea-Intelligence, alerta que os atuais desequilíbrios de contêineres estão concentrados na América do Norte e diz que a força da demanda provavelmente não se sustentará se as vacinas contra a Covid-19 permitirem que consumidores dos EUA voltem rapidamente a gastar com serviços como viagens e hospitalidade.
Os problemas de transporte de cargas devem diminuir no primeiro semestre de 2021, disse Murphy, mas navios de contêineres não devem cometer os erros de excesso de capacidade do passado, que incluíam lances para contratos de frete abaixo do ponto de equilíbrio.