Ganho X Perda: Uma perspectiva sobre o emocional do operador
Alexander Elder, renomado autor sobre operações no mercado, destaca-se especialmente por seu livro “Trading for a Living” (Como se transformar em um operador e investidor de sucesso).
Nesta obra, Elder elencou os fundamentos que considera essenciais para qualquer operador alcançar o sucesso. Os pilares são denominados por ele de 3 M’s: Method (Método), Money (Manejo de risco) e Mind (Mente).
Sendo assim, além de sólidas estratégias de negociações, a gestão de capital e o desenvolvimento psicológico para lidar com as complexidades emocionais diante do mercado são fundamentais para aqueles que buscam prosperar na desafiadora jornada como operador do mercado.
Ter uma boa estratégia de negociação, seja ela baseada em análise técnica, fluxo de ordens ou fundamentalista, além do gerenciamento de risco, são a base para operar no mercado financeiro. Entretanto, o que garantirá a permanência e a consistência será o fator psicológico.
Os iniciantes costumam ser atraídos pelos ganhos que o mercado pode proporcionar, mesmo sendo a variável menos controlável dentre as principais: entrada, saída, stop loss e objetivo de ganho. As entradas e saídas são discricionárias e as perdas máximas podem ser limitadas nas negociações.
Entretanto, não é possível saber quanto o mercado lhe rentabilizará no período. Por isso, muitos operadores possuem perdas máximas estipuladas e buscam uma “sinergia” de ganho.
A verdade é que lidar com o saldo positivo “é fácil demais”. Portanto, são as perdas que serão o grande desafio. Afinal, não somos aversos aos ganhos, mas, sim, às perdas.
Daniel Kahneman, ganhador do prêmio Nobel de Economia em 2002, relata sobre a aversão assimétrica à perda e demonstra que é uma forma de proteção ocasionada pela evolução.
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“Quando diretamente comparados entre si, as perdas parecem maiores que os ganhos. Essa assimetria entre o poder das expectativas, ou das experiências, positivas e negativas tem um histórico do ponto de vista evolutivo. Organismos que encaram as ameaças como sendo mais importantes que as oportunidades têm melhores chances de sobreviver e de se reproduzir”.
Os indivíduos não reagem de modo simétrico às perdas e aos ganhos. Eles concedem maior importância às perdas do que aos ganhos.
Por exemplo, um prejuízo de R$ 5.000 apresenta uma dor mais intensa do que o prazer gerado pelo lucro de R$ 5.000. Se você opera no mercado de renda variável, então, provavelmente, já teve essa experiência.
Nos proteger das perdas foi mais relevante do ponto de vista evolutivo do que nos arriscamos para obter algum ganho.
Kahneman abordou na teoria da perspectiva um caso prático com base em uma aposta na moeda. Se der coroa, o apostador perde 100 dólares. Se der cara, o apostador ganha 150 dólares. O valor esperado da proposta é positivo, mas para a maioria das pessoas o medo de perder 100 dólares é mais intenso do que a possibilidade de ganhar 150 dólares.
Em seu estudo, o psicólogo concluiu que “a razão de aversão à perda foi estimada em diversos experimentos e normalmente fica na faixa de 1,5 a 2,5. Isso é uma média, claro; algumas pessoas são muito menos avessas às perdas do que outras”.
Damos um peso de 1,5 a 2,5 vezes maiores as perdas do que aos ganhos. Dessa forma, visando compensar psicologicamente, teria que arriscar US$ 100 e contar com uma estimativa de ganho de, no mínimo, US$ 250 a US$ 350.
Talvez isso explique a relação entre risco e retorno utilizada por diversos operadores. Para terminar, a sua conta de negociações passará por altos e baixos. Cada operação que você realiza no mercado é uma decisão sua. Você será responsável por colher os lucros ou lidar com as perdas. Não há terceiros envolvidos e não é possível ganhar dinheiro sem arriscar.
Perdas não são o problema, mas como você encara elas. Os operadores experientes e lucrativos são capazes de absorver os prejuízos e possuem controle emocional perante as oscilações de preços. Isso explica, em grande parte, os seus desempenhos positivos ao longo do tempo.