Economia

Galípolo diz que não há bala de prata e questão fiscal precisa de tratamento contínuo

19 dez 2024, 14:54 - atualizado em 19 dez 2024, 14:54
galípolo fiscal
(Foto: Reuters/Adriano Machado)

O diretor de Política Monetária do Banco Central e presidente da autarquia a partir de janeiro, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira que não existe uma “bala de prata” que possa resolver a questão fiscal do país no curto prazo e que, por isso, é necessário tratar do assunto de forma contínua.

Em entrevista coletiva em Brasília, Galípolo afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconhecem que o trabalho para sanear as contas públicas deve permanecer.

“Se você entende o esforço fiscal necessário para estabilizar a relação da dívida sobre PIB, ninguém imaginou que você conseguiria entregar algo que em poucos meses daria conta de apresentar uma bala de prata”, disse.

“Se não é possível oferecer uma bala de prata em uma única medida, isso tem que se dar de maneira contínua.”

Para ele, os movimentos de mercado se impõem, mas a avaliação de medidas fiscais depende de um tempo “legítimo”, que é parte do processo democrático.

O governo apresentou ao Congresso Nacional um conjunto de medidas de contenção de gastos, mas o pacote foi considerado insuficiente para estabilizar a dívida pública, gerando turbulência no mercado nas últimas semanas.

As medidas, em análise pelo Congresso nesta semana, a última antes do recesso parlamentar, já foram parcialmente desidratadas durante a tramitação.

O futuro presidente do BC enfatizou que cabe à autarquia analisar como o mercado reage ao quadro fiscal de modo a avaliar o efeito desses movimentos sobre os preços.

Ao lado de Galípolo na entrevista, o atual presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, disse que o mercado teve uma percepção de que o pacote fiscal do governo é insuficiente, acrescentando que não cabe ao BC julgar as medidas.

Campos Neto afirmou que quando o mercado tem uma percepção de falta de credibilidade no fiscal, a autarquia tenta fazer um esforço para ganhar o máximo de credibilidade na política monetária. Para ele, no entanto, o BC não tem capacidade para atuar sozinho.

Em meio a questionamento de agentes do mercado sobre risco de dominância fiscal, quando a política monetária perde eficácia por conta de um descontrole das contas públicas, Campos Neto e Galípolo enfatizaram que ferramentas que o BC tem à disposição estão em funcionamento.

Campos Neto ainda acrescentou que as intervenções da autoridade monetária no câmbio não têm relação com o tema da dominância fiscal, mas apenas com o tratamento de disfuncionalidades de mercado diante de um aumento no fluxo de dólares para fora do país.

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reuters@moneytimes.com.br
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